Folha de S. Paulo


Agência Moody's eleva nota de crédito da Petrobras

A agência de classificação de risco Moody's elevou nesta terça (17) a nota de crédito da Petrobras, em resposta à melhora na situação financeira da companhia.

A nota foi elevada de B1 para Ba3. A estatal permanece classificada como risco especulativo, mas está agora a três degraus de se tornar grau de investimento, selo dado às empresas com menor risco.

A Petrobras perdeu o grau de investimento da Moody's em fevereiro de 2015, afetada pela crise econômica do país e por dúvidas sobre sua capacidade para cumprir compromissos financeiros.

A elevação da nota nesta terça, disse a Moody's, reflete um perfil de dívida mais confortável, provocado pela estratégia de refinanciamento da dívida e pela melhor geração de caixa.

Em 2017, destacou a agência em relatório, a Petrobras captou nos mercados internacionais US$ 19,2 bilhões em bônus, recursos que foram usados para refinanciar dívidas por vencer.

"A companhia também reduziu sua dívida em US$ 10 bilhões até junho, com dinheiro arrecadado com vendas de ativos e geração de caixa", completou a Moody's.

A agência reconhece que o processo de venda de ativos da Petrobras está mais lento em 2017, como resultado das mudanças no modelo de negociação proposto pelo TCU (Tribunal de Contas da União), mas diz que o desinvestimento é hoje menos relevante para a companhia do que era 12 meses atrás.

Até agora, nenhum dos processos de venda iniciados sob a nova metodologia, implantada em março, foi concluído.

A estatal vem enfrentando também atrasos com relação a negociações finalizadas em 2016: quatro das principais operações, que representam 43% dos US$ 13,6 bilhões arrecadados, estão sendo questionados na Justiça ou no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

No relatório, a Moody's diz ainda que o risco de multas significativas em processos sobre corrupção em curso na SEC (o xerife do mercado de ações americano) e na Departamento de Justiça dos Estados Unidos é menor, já que a companhia adotou medidas para melhorar sua governança após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato.

A agência manteve perspectiva estável para a nota de crédito da estatal. Novas elevações, diz, "podem ocorrer se a Petrobras levantar somas suficientes por meio da venda de ativos para reduzir a dívida enquanto melhora a performance operacional e de fluxo de caixa".

Para isso ocorrer, conclui a agência, a relação entre dívida líquida e geração de caixa medida pelo Ebitda deve permanecer abaixo de 3,5 vezes de forma sustentável. No fim do segundo trimestre, era de 3,23 vezes.


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