Folha de S. Paulo


Meirelles minimiza declaração de líder tucano sobre reforma da Previdência

Rafa Von Zuben/Divulgação
O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no 8º Congresso Internacional dos Mercados Financeiro e de Capitais
O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, minimizou nesta quarta (11), a declaração do líder tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE), de que, se passar a reforma da Previdência, será uma "coisa mais chocha".

Segundo o ministro, esse tipo de afirmação não terá impacto sobre investidores estrangeiros e nem sobre a precificação da reforma no mercado.

"Os investidores têm informações constantes e importantes sobre o Brasil e não será uma declaração ou a opinião de um líder ou de outro que vai influenciar esse processo", disse Meirelles, que está em Washington para participar da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional).

O ministro disse que fundos, casas de investimento e empresas já têm suas estimativas "de que reforma será aprovada e qual o percentual" do texto original que será mantido. "Portanto isso já está nos preços", afirmou.

Na terça, Jereissati havia se declarado "cético" sobre a viabilidade da reforma. "Acredito que pode passar uma coisa mais 'chocha', ou melhor dizendo, uma coisa menor, só com idade mínima. Uma reforma mesmo deve ficar para o próximo governo", disse.

Nesta quarta, Meirelles disse que o governo espera conseguir um texto "aceitável para o país" na negociação com o Congresso. Ele, no entanto, evitou dizer qual é o patamar mínimo que deve ser mantido em relação ao projeto inicial do governo.

"Estamos num processo de negociar e não acredito que seja uma boa técnica anunciar qual é o patamar mínimo ou máximo", disse. "Não existe um patamar rígido, o que existe é uma trajetória de crescimento das despesas primárias, estabilização em um certo momento e uma compatibilização disso com o teto de gastos."

Ele destacou que o relatório que foi aprovado na comissão especial que está hoje em discussão e votação na Câmara equivale a 75% do projeto original. "Nós achamos que isso é um patamar que está ainda de acordo com as nossas previsões."

O ministro ainda reafirmou que a expectativa do governo é de uma aprovação da reforma em 2017.

DIFERENÇA NO PIB

Questionado sobre a diferença nas projeções feitas pelo FMI e pelo Banco Central sobre o crescimento do PIB do país para 2018, Meirelles disse ser "absolutamente normal" que o fundo tenha uma "previsão cautelosa", mas disse esperar que haja aumento nas próximas projeções do organismo.

"Estamos aqui para conversar com os técnicos do fundo e darmos a eles toda a informação que temos em mãos de dados mais recentes da economia brasileira, de modo que eles possam substanciar as suas previsões de crescimento no futuro", disse.

Segundo o relatório divulgado pelo FMI na terça (10), o Brasil crescerá 1,5% no próximo ano. A estimativa do Banco Central é de 2,4%.

"Para 2018, a nossa previsão está em 2% com viés de alta. Estamos revisando e muito possivelmente isso será um pouco maior", afirmou o ministro.

"Vamos aguardar, já tem no mercado muitos analistas estimando em 3%. Eu acho esse um bom número, mas ainda não concluímos a revisão", completou.

Meirelles falou, inclusive, a possibilidade de revisar para cima o PIB para este ano. "A mudança de perspectiva de crescimento no Brasil é muito rápida. O desemprego já caiu no começo do ano. O crescimento estava próximo de zero no começo do ano. Agora, o próprio FMI, que é conservador, está falando em 0,7%. Há analistas falando em 1%."


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