Folha de S. Paulo


Captação líquida de fundos cresce 166% até setembro e bate recorde

Marcos Santos/USP Imagens
Fundos de investimento têm captação de R$ 220,7 bilhões até setembro, indica associação
Fundos de investimento têm captação de R$ 220,7 bilhões até setembro, indica associação

A captação líquida –diferença entre aplicações e resgates– da indústria de fundos de investimento alcançou R$ 220,7 bilhões até setembro e bateu seu recorde histórico, informou a Anbima (associação das entidades de mercado) nesta segunda (9).

O número representa aumento de 165,9% em relação ao mesmo período de 2016, quando os fundos captaram R$ 83 bilhões. A indústria encerrou setembro com R$ 4 trilhões de patrimônio líquido distribuído em 15.740 fundos.

Só no terceiro trimestre, a captação somou R$ 90,1 bilhões, alta de 137,1% ante igual intervalo do ano passado.

Carlos Ambrósio, vice-presidente da Anbima, atribui o resultado histórico aos primeiros sinais de que a economia brasileira está se recuperando.

"Destaque para os fundos de ações e multimercados, que ganharam atratividade nesse contexto de juros em queda. Com o cenário econômico mais benigno, a gente cada vez mais enxerga apetite maior a risco e uma demanda maior por esses dois produtos", ressalta.

As pessoas físicas tiveram papel relevante nessa recuperação, segundo os dados da Anbima. Até agosto, a captação líquida do segmento varejo era de R$ 65,9 bilhões (29,8% do total de R$ 221,1 bilhões). Os private, que são pessoas físicas de alta renda, respondiam por R$ 61,4 bilhões (27,8%).

"As pessoas físicas foram muito importante para a indústria e vão continuar sendo daqui para a frente, quando tivermos um patamar de juros mais baixo. Com isso, a demanda por fundos de ações e multimercados vai crescer ainda mais, assim como investimento no exterior", ressalta Ambrósio.

Por categorias, a renda fixa recebeu o maior fluxo até setembro, para R$ 88,4 bilhões, aumento de 170,3% em relação ao mesmo período de 2016. Os multimercados ficaram em segundo lugar, com total de R$ 75,5 bilhões –aumento de 384% na comparação com o mesmo intervalo de 2016.

Os fundos de ações saíram de captação negativa de R$ 2,1 bilhões até setembro do ano passado para saldo positivo de R$ 4,6 bilhões no mesmo período deste ano. "Vemos um espaço grande para small caps [ações de empresas com menor valor de mercado], assim como fundos de gestão ativa e livres, que entregam retornos superiores aos índices de Bolsa", diz o vice-presidente da Anbima.

Por outro lado, a captação em fundos de previdência, que deveria ganhar força com a discussão da reforma, teve apenas leve aumento: 1,4%. "A indústria de Previdência teve um começo de ano mais difícil do que anos anteriores, mas vem se recuperando no ultimo trimestre. O começo do ano teve muita indefinição, e isso impactou a captação desses produtos. Mas no último trimestre essa demanda voltou", ressalta Ambrósio.

Outro reflexo da queda de juros é sobre as taxas de administração cobradas pelos gestores de fundos. Segundo Ambrósio, há um movimento de queda principalmente naqueles que têm gestão passiva.


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