Folha de S. Paulo


Europa investe € 2,2 bilhões para criar Airbus das baterias

Bruxelas quer criar um consórcio de companhias europeias ao estilo da Airbus, para desenvolver a tecnologia de baterias e recuperar o atraso da Europa com relação aos EUA e à Ásia nesse mercado de rápido crescimento.

Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia encarregado do setor de energia, presidirá na quarta (11) conferência entre executivos de grupos químicos como a Basf, montadoras de automóveis como a BMW e fabricantes de baterias, para promover a cooperação no setor —a União Europeia oferecerá até € 2,2 bilhões.

A demanda mundial por baterias de lítio-íon deve subir para US$ 40 bilhões anuais em 2025, com a popularização dos carros elétricos, segundo o banco Goldman Sachs, que antecipa que a Ásia dominará esse mercado.

Montadoras europeias elevaram a projeção de vendas dos elétricos no período que antecede a entrada em vigor de normas sobre emissão de poluentes, em 2021. O banco UBS estima que as vendas dos elétricos superarão as de veículos diesel em cinco anos.

Mas, enquanto China, Japão e EUA já estabeleceram fábricas de baterias para esses carros, a Europa não construiu nenhuma instalação.

Sefcovic disse que era "vital" não ter "momento Kodak em setores tão importantes", em referência a como uma empresa líder deixa de antever mudanças em seu setor.

"Precisamos da Airbus das baterias. Tínhamos empresas de porte menor com tecnologias avançadas, mas sem escala. Foi necessário que franceses, alemães e outros se unissem para desenvolver um avião maravilhoso."

A Airbus começou, em 1967, com patrocínio estatal, de Alemanha Ocidental, França e Reino Unido. O objetivo era desenvolver um jato comercial para desafiar os americanos.

As empresas europeias tentam recuperar terreno. A Northvolt, criada por Peter Carlsson, executivo da Tesla, e a Terra E, um projeto alemão, planejam fábricas, que só serão abertas em 2020.

A primeira fábrica em grande escala de baterias de lítio-íon na Europa será na Polônia e é da LG Chem, da Coreia do Sul.

A Daimler planeja fábricas de baterias, mas as instalações serão usadas na montagem do produto e conjuntos de propulsão. As células serão compradas de fornecedores, em sua maioria asiáticos.

Panasonic (Japão) é a maior fornecedora mundial de baterias para veículos elétricos, seguida por LG Chem e Samsung SDI (Coreia do Sul).

A Tesla (EUA) será a segunda maior fabricante ao concluir fábrica de US$ 5 bilhões em Nevada. Pequim também investiu e tem a ambição de dobrar a produção até 2020.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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