Folha de S. Paulo


Negociações entre Mercosul e União Europeia vivem semana crucial

Zanone Fraissat/Folhapress
Ministros de Exteriores do Mercosul em reunião realizada em São Paulo em agosto
Ministros de Exteriores do Mercosul em reunião realizada em São Paulo em agosto

As negociações comerciais entre a União Europeia e o Mercosul vão viver uma semana crucial a partir desta segunda (2), em Brasília, onde os sul-americanos esperam receber uma oferta de carne bovina e etanol por parte dos europeus, que estão divididos sobre esses itens.

Após uma troca de ofertas em maio do ano passado, a União Europeia garantiu que completaria a proposta agropecuária após as eleições da França e da Alemanha. "Não apresentar a oferta seria terrível", diz uma fonte do Mercosul, principalmente quando o objetivo é alcançar um acordo até o fim do ano.

Na quinta (28), em reunião em Bruxelas, a Comissão Europeia, responsável pelas negociações comerciais, propôs aceitar 70 mil toneladas de carne bovina e 600 mil toneladas de etanol por ano de todos os países do Mercosul, disseram três fontes à AFP.

A proposta preocupou países com maior tradição agrícola. França, Irlanda, Bélgica e outros "garantem que não é a hora" de apresentar a oferta e pedem para que isso ocorra "mais para o fim das negociações", de acordo com uma fonte europeia.

Outros oito países, entre eles Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido, consideram que "é um bom momento de avançar e propor algo aos países do Mercosul, para dar fôlego às negociações".

Nenhuma das fontes consultadas pela AFP confirmou se, nesta semana, a oferta europeia vai finalmente ser posta à mesa. Já são mais de 30 rodadas de negociações.

A União Europeia "ainda discute as ofertas aduaneiras" com os países, disse na sexta (29) fonte do bloco europeu, que destacou a vontade de "encontrar equilíbrio justo entre a importância de seus produtos para nossos parceiros do Mercosul e a necessidade de proteger os agricultores europeus".

OUTRAS DISCUSSÕES

Desde a troca de ofertas no ano passado, a discussão sobre o acesso ao mercado de bens, serviços e compras públicas ficou paralisada até que a UE conclua sua oferta agropecuária.

Mas isso não deteve outros grupos de trabalho, que debatem temas que terão que ser resolvidos politicamente. Sem a oferta agropecuária europeia, "depois de outubro não teremos nada para fazer, acaba o universo de assuntos técnicos", disse uma fonte.

Entre os temas abertos, ficariam questões sobre indicações de origem controlada. Outro ponto é o acesso a medicamentos. Europeus querem maior proteção às descobertas de suas companhias farmacêuticas, mas o Mercosul interpreta a questão sob ótica da saúde pública.


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