Folha de S. Paulo


Conselho da Petrobras aprova venda de até 40% das ações da BR Distribuidora

O conselho de administração da Petrobras aprovou a abertura de capital da BR Distribuidora, com a oferta de 25% a 40% das ações em bolsa de valores.

A operação é parte do plano de venda de ativos com o qual a estatal pretende arrecadar US$ 21 bilhões até o fim de 2018. A expectativa da empresa é realizar a oferta de ações até o fim deste ano.

A BR é vista pelo mercado com uma das principais operações do plano, ao lado da malha de gasodutos do Nordeste e da fatia da estatal na petroquímica Braskem.

Em relatório divulgado esta semana, o banco UBS avalia que o valor da companhia pode oscilar entre R$ 24 bilhões e R$ 36 bilhões ""o equivalente a 8 a 12 vezes uma estimativa de geração de caixa de R$ 3 bilhões por ano.

Considerando o valor intermediário (R$ 30 bilhões), a abertura de capital da companhia pode render à Petrobras até R$ 12 bilhões, caso a opção seja por vender 40% das ações.

A avaliação considera que a Petrobras manterá o controle da empresa. Em relatório, os analistas Luiz Carvalho e Julia Ozenda dizem que a venda de uma fatia majoritária resultaria em melhor valor para o ativo.

A Petrobras diz que listará as ações no Novo Mercado da B3, a bolsa de São Paulo, que demanda maiores padrões de governança corporativa.

Os analistas do UBS, porém, alertam que as eleições de 2018 são um dos fatores de risco para potenciais investidores, embora vejam a possibilidade de interferência política mais difícil do que no passado.

"No passado, partidos populistas compeliram a Petrobras a vender produtos abaixo dos preços de mercado", escreveram.

A BR é a maior distribuidora de combustíveis do Brasil e fechou 2016 com uma fatia de 25,4% das vendas em postos de combustíveis no país. No ano passado, a empresa teve prejuízo de R$ 315 milhões, provocado por provisões para devedores duvidosos no valor de R$ 1 bilhão.

No final de agosto, a Petrobras aprovou uma reestruturação societária na subsidiária, que resultou na injeção de R$ 6,3 bilhões no capital da empresa.

O processo teve o objetivo de limpar o balanço da BR, transferindo para a Petrobras créditos a receber por um acordo de renegociação de dívida com a Eletrobras.

O conselho de administração da Petrobras autorizou ainda o protocolo do registro da operação na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o pedido de adesão ao Novo Mercado da B3.

REVÉS

A Petrobras ainda não concluiu nenhuma operação de venda depois que teve que mudar, em maio, as regras de negociação por determinação do TCU (Tribunal de Contas da União).

A empresa abriu processos de vendas no Paraguai, fábricas de fertilizantes, campos de petróleo e gás e de 90% na NTN, empresa que controla gasodutos no Nordeste.

No fim de agosto, sofreu um revés quando a área técnica do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) emitiu parecer contrário à compra da distribuidora de gás de botijão Liquigás pelo grupo Ultra.

O negócio, de R$ 2,8 bilhões, ainda será analisado pelo plenário do Cade.


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