O conselho da Toshiba aprovou a venda da valiosa unidade de chips de memória Nand da empresa a um consórcio internacional liderado pelo grupo americano de capital privado Bain Capital, em uma transação de 2,1 trilhões de ienes (US$ 18,9 bilhões ou cerca de R$ 59,1 bilhões) concebida para resgatar o conglomerado japonês, que está ameaçado de ter suas ações retiradas da Bolsa de Valores.
Pessoas próximas ao grupo vencedor, que envolve um investimento de pelo menos US$ 3 bilhões da parte da Apple e quantias menores investidas pela Dell, Seagate, Kingston e SK Hynix, uma fabricante sul-coreana de chips de memória, disseram que os detalhes finais do acordo estavam sendo trabalhados, e que ele deve ser assinado ainda nesta quarta-feira (20).
O conselho da Toshiba estava sendo fortemente pressionado pelos maiores credores da companhia, três bancos japoneses, em favor da venda de seu ativo mais valioso antes de março de 2018. A empresa necessita do dinheiro da venda para cobrir o imenso rombo causado no valor das participações de seus acionistas por grandes reduções no valor contabilizado de suas operações nucleares nos Estados Unidos.
A escala das reduções, que são consequência de um escândalo contábil que estourou em 2015 na Toshiba, colocou um dos maiores conglomerados industriais do Japão em risco de ter suas ações removidas da Bolsa de Valores de Tóquio.
Analistas dizem que a venda da unidade de chips provavelmente removerá a ameaça, ainda que a conclusão efetiva da transação deva demorar, tanto por investigações das autoridades de defesa da competição quanto por ações judiciais lançadas pela parceira da Toshiba em uma joint venture de fabricação de chips, a Western Digital, dos Estados Unidos.
Duas instituições estatais japonesas —a Innovation Network Corporation of Japan e o Banco de Desenvolvimento do Japão— se unirão aos investidores assim que a Toshiba e o consórcio vitorioso acertarem suas diferenças legais quanto à joint venture com a Western Digital.
Pessoas próximas ao processo de negociação, que envolveu uma tortuosa disputa de oito meses entre três grupos rivais de candidatos, disseram que os dias finais da negociação deixaram "pouca dúvida" de que o consórcio liderado pela Bain venceria.,
Uma oferta rival da gigante da tecnologia taiwanesa Foxconn foi descrita por pessoas próximas ao processo como "altamente competitiva mas tardia".
Uma proposta organizada pelo grupo de capital privado KKR e pela Western Digital não progrediu a ponto de ser apresentada ao conselho da Toshiba.
Tradução de PAULO MIGLIACCI