Folha de S. Paulo


Família Batista se articula para permanecer no comando da JBS

Marcelo Justo - 13.set.17/Folhapress
São Paulo, 13/09/2017, 15:30: O empresario Wesley Batista, socio da JBS (no banco traseiro da viatura da Policia Federal) deixa a Justiça Federal após prestar depoimento, na região da Paulista. Ele e o irmão, Joesley São investigados na operação Tendão de Aquiles por terem supostamente se beneficiado da divulgação de sua colaboração a PGR (Procuradoria da Republica) para lucrar em transações no mercado financeiro. (Foto Marcelo Justo/Folhapress) ***PODER***
O empresario Wesley Batista deixa a Justiça Federal após prestar depoimento em SP

A família Batista se articula para manter o comando da JBS, maior empresa de proteína animal do mundo, após a prisão de Joesley e Wesley Batista. Sócio minoritário com 21% de participação, o BNDES exerce forte pressão para afastar os Batista do negócio.

Segundo pessoas próximas às discussões, cresceram as chances de o conselho de administração eleger um membro da própria família para substituir Wesley na presidência, em vez de apontar um executivo profissional.

A decisão deve ser tomada nos próximos dias, porque o colegiado não quer deixar a JBS acéfala por muito tempo. Na quarta-feira (13), logo após a prisão de Wesley, os conselheiros se recusaram a indicar um interino.

Três nomes da segunda geração dos Batista estão sendo avaliados para o comando da gigante de alimentos. O mais cotado é Wesley Batista Filho, que já dirige os negócios de carne bovina da empresa nos EUA e conta com a confiança dos executivos.

Outras possibilidades são o fundador José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, ou o mais velho dos irmãos, conhecido como Junior Friboi. Junior já presidiu a JBS, mas vendeu sua parte e abriu o próprio negócio. Em razão disso, as chances de que ele assuma o negócio são menores.

Os Batista acreditam que ainda têm força para manter a presidência, apesar do escândalo que envolve a família. Com 41% de participação, a família indicou cinco dos nove membros do conselho. O BNDES tem duas cadeiras, e há ainda dois conselheiros independentes.

As conversas sobre a substituição de Wesley se tornaram mais intensas nesta sexta-feira (15), depois que a Justiça negou o habeas corpus para soltar o empresário. Segundo pessoas próximas à família, a defesa já trabalha com a possibilidade de que o juiz estabeleça cautelares para soltar Wesley.

Um cautelar que pode ser adotada pela Justiça é exatamente afastá-lo do comando dos negócios, pois Wesley é investigado por manipulação do mercado de capitais.

FUGA

O empresário foi preso preventivamente na quarta pela Polícia Federal na Operação Tendão de Aquiles. O juiz atendeu a pedido do Ministério Público, que alegou que havia risco de fuga do país.

A manutenção de um membro da família no posto máximo da JBS deve desagradar aos bancos credores e aos investidores. O maior receio do mercado neste momento é que as reviravoltas judiciais dos irmãos Batista acabem prejudicando a venda dos ativos e o pagamento das dívidas da JBS.

Com esse argumento, representantes do BNDES vêm tentando convencer os conselheiros independentes e até alguns indicados pelos Batista a apoiar seu pleito de apontar um profissional independente.

Em entrevista à Folha, o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, disse que "os Batista são sócios, mas não donos da empresa".

Se vingar a escolha de um presidente profissional, os nomes mais cotados são executivos que já atuam no grupo: Gilberto Tomazoni, presidente das operações globais da JBS e ex-presidente da Sadia, Tarek Farahat, presidente do conselho de administração da JBS e ex-presidente-executivo da P&G, e Gilberto Xandó, presidente da Vigor Alimentos, que foi vendida pelos Batista para a mexicana Lala.


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