Folha de S. Paulo


Para avançar no crédito, bancos colocam agrônomo na agência

Um dos principais setores da economia brasileira, o agronegócio está cada vez mais na mira de grandes bancos privados. Bradesco, Itaú e Santander traçam estratégias para abocanhar uma fatia do crédito rural, hoje liderado pelo Banco do Brasil, com quase 60% do mercado.

O movimento das instituições ganha força em meio a uma safra que terá R$ 190 bilhões para financiar o setor, volume 3% superior em relação à temporada anterior.

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Além disso, as taxas de juros subsidiadas ficaram menores nas linhas de custeio, comercialização e investimento, de acordo com o Plano Safra 2017/2018, que iniciou em julho e termina em junho do ano que vem.

Novato no crédito rural (começou em janeiro de 2016), o Santander tem investido para reforçar a atuação no setor. Do ano passado para cá, o banco contratou mais de 50 agrônomos para trabalharem nas 300 agências vocacionadas ao agronegócio.

No primeiro semestre, a instituição inaugurou oito escritórios direcionados ao produtor rural e prevê abrir outros oito até o fim do ano.

O agronegócio será uma das alavancas de crescimento do banco, afirma Carlos Aguiar, superintendente-executivo de agronegócios.

No financiamento ao setor, esses sinais começam a aparecer: no segundo trimestre, a carteira de crédito rural da instituição (incluindo pessoa física e pessoa jurídica) cresceu 72% em relação ao mesmo período de 2016 -e espera crescer ao menos 10% na safra 2017/2018.

Em julho, o Bradesco abriu o primeiro espaço, com um grupo de especialistas em crédito rural, e planeja inaugurar mais seis plataformas nesse modelo até o fim deste ano, segundo Rui Pereira Rosa, superintendente de agronegócios do banco.

"O objetivo é levar, além do crédito, outras áreas que tenham envolvimento com agronegócio, como seguros, cartões e câmbio", diz.

O Bradesco viu sua carteira de crédito rural (somando pessoa física e pessoa jurídica) crescer 18,9% no segundo trimestre.

O Itaú BBA, braço de atacado do Itaú Unibanco, espera um aumento de mais de 40% na carteira, formada por grandes produtores rurais.

"Dos cerca de 300 produtores que queremos atingir, devemos fechar neste ano próximo de 200 e, para 2018, a previsão é chegar perto de 250 clientes", afirma Guilherme Pessini, superintendente de agronegócio do Itaú BBA.

A baixa inadimplência do agronegócio nos últimos anos é outro ingrediente que ajuda a atrair os bancos.

"É um setor com notícias positivas em termos de ganho de produtividade, exportação, safras recordes", diz Wilson Vaz de Araújo, diretor do Ministério da Agricultura.

RECURSOS

Com a queda da Selic (taxa básica de juros), as linhas próprias dos bancos para financiamento ao setor têm ganhado força, complementando o crédito rural oficial.

A redução do juro básico nos últimos meses pelo BC (hoje em 8,25% ao ano, menor patamar desde 2013) diminui o custo de captação por meio de papéis como LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e CRA (Certificado de Recebíveis Agrícolas).

"Apostamos muito no avanço da LCA como fonte de recursos, principalmente em um cenário de juros mais baixos", afirma Tarcísio Hübner, vice-presidente de agronegócios do BB. No primeiro semestre, o banco desembolsou mais de R$ 500 milhões com recursos oriundos de emissões desse instrumento.

Editoria de arte/Folhapress

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