Folha de S. Paulo


Bunge dá assistência a agricultores por fatia antecipada da colheita de soja

Os agricultores brasileiros estão armazenando soja devido aos preços baixos, mas a Bunge quer mudar a maneira pela qual adquire safras, em um esforço por elevar o volume de vendas e reconstruir suas margens de lucro.

A Bunge, uma das maiores empresas mundiais de processamento de sementes oleaginosas, quer que os agricultores aceitem acordos para vender porção maior de suas futuras safras à companhia, antes da colheita.

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Em troca, a empresa promete oferecer assistência adicional com serviços como financiamento e gestão de risco de preços, afirmou o presidente-executivo da Bunge, Soren Schroder.

"Nosso objetivo é reinventar a maneira pela qual vamos ao mercado com o agricultor", disse o executivo.

A Bunge e seus concorrentes estão sofrendo com a decisão dos agricultores brasileiros de armazenar a safra de soja de 2017, em vez de vendê-la logo, devido à queda nos preços.

Isso reduziu as margens de lucros ao forçar companhias a concorrer pela compra de soja, apesar de os estoques serem vastos.

No Brasil, empresas de comércio de grãos como a Cargill regulamente dão produtos a agricultores, por exemplo sementes e agroquímicos, em troca do compromisso de que os plantadores venderão parte de suas safras a elas, disse John Baize, consultor internacional de comércio e política agrícola.

Os agricultores fazem esse tipo de acordo para evitar a necessidade de tomar empréstimos a fim de adquirir insumos.

A Archer Midland Daniels, outra rival da Bunge, afirmou em comunicado que está "sempre avaliando como levar mais valor a esses importantes relacionamentos" com agricultores brasileiros.

A decisão da Bunge é o mais recente esforço de uma grande empresa de grãos para lidar com a pressão das imensas safras globais que provocaram queda de preços e estabilizaram a volatilidade essencial para seus ganhos.

As empresas também estão investindo em negócios que oferecem margem de lucro mais elevada, como ingredientes para comida, mas os resultados desses esforços não estão claros até o momento.

A Bunge, que teve uma queda de 34% no seu lucro no segundo trimestre, reduziu sua meta de receita com o agribusiness neste ano, devido às vendas lentas dos agricultores brasileiros.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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