Folha de S. Paulo


Programas de reciclagem geram lucro e novas formas de reaproveitamento

Giovanni Bello/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 11-09-2017: Reportagem sobre iniciativas para reciclar embalagens. Na foto, Christian Cury, um dos donos da empresa Triciclo, que desenvolveu a Retorna Machine. A máquina da foto está na estação Pinheiros da Linha Amarela. (Foto: Giovanni Bello/Folhapress, ESPECIAIS) ***EXCLUSIVO FOLHA****
Christian Cury, da Triciclo, na máquina Retorna instalada no metrô Pinheiros, em SP

Reciclar embalagens resulta em dinheiro no bolso tanto do freguês quanto dos criadores da Retorna Machine. Na máquina de autoatendimento para reciclagem, o usuário deposita garrafas pet, latas de alumínio, vidro ou caixas de produtos "longa vida" e ganha pontos.

Dez garrafas ou sete latas depositadas na máquina, idealizada pela start-up Triciclo, dão R$ 0,27 de desconto na conta de luz e R$ 0,35 de crédito para o usuário do Bilhete Único (cartão de transporte da prefeitura paulistana).

"Ao reverter a participação em benefícios, trazemos mais gente para a coleta seletiva", diz Felipe Cury, diretor-executivo da Triciclo. A start-up que comanda ao lado de seu primo, Christian Cury, tem 35 mil usuários cadastrados.

Em São Paulo, as 18 máquinas Retorna estão nas estações de metrô Pinheiros e Faria Lima, mercados e empresas. Há ainda uma máquina no Rio de Janeiro e outra em Recife. As embalagens recolhidas são levadas para cooperativas de catadores.

O programa para famílias de baixa renda da SO+MA também dá benefícios a quem recicla. As famílias cadastradas levam embalagens aos postos de coleta nos bairros Capão Redondo e Grajaú (zona sul de São Paulo), que são revertidas em pontos, trocados por alimentos ou cursos.

Estão inscritas 610 famílias, mas a expectativa de Claudia Pires, fundadora da SO+MA, é chegar a 1.800 em cada bairro. "Trabalhamos com incentivo para mudar comportamentos", diz Pires.

Editoria de Arte/Folhapress
Quanto é reciclado

A start-up é patrocinada por empresas, como uma fabricante de bebidas e outra de alimentos. Em julho, o posto do Grajaú coletou 4,3 toneladas de resíduos.

Um acordo feito pelo setor de embalagens estabelece redução em 22% da massa de resíduos destinada aos aterros e lixões até o final de 2018.

De olho nesse objetivo, a Eureciclo lançou há um ano um programa no qual uma rede de cooperativas é paga para reciclar no lugar das empresas, suas clientes.

"Nós vendemos certificados para mostrar que a indústria está adequada e distribuímos o valor para a cadeia de reciclagem. É o poluidor pagando para o reciclador", diz Thiago Pinto, co-fundador da Eureciclo. Eles trabalham com 35 cooperativas e mais de 75 marcas e pretendem fechar o ano com 200 clientes.

DESAFIO

A embalagem deve levar em conta ciclo de vida, preservação e manuseio do produto. Em alguns casos, essas características dificultam a reciclagem, segundo Luciana Pellegrino, diretora-executiva da Abre (Associação Brasileira de Embalagem).

"Temos laboratórios especializados em criar soluções para embalagens difíceis", diz Guilherme Brammer, diretor-executivo da Boomera, que transforma cápsulas de café em vasos para mudas de cafeeiros e embalagens plásticas flexíveis de sabonete líquido em tampas de xampu.

As embalagens vêm de cooperativas e pontos de entrega voluntária e são levadas para a fábrica da empresa em Cambé (PR), adquirida em maio. Com a fábrica, a Boomera aumentou a produção e o número de funcionários, que agora é de 125.

"Queremos dobrar de tamanho e chegar a R$ 50 milhões de faturamento em 2018", diz Brammer.


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