Folha de S. Paulo


Participantes do Petros vão à Justiça contra plano para cobrir rombo

Ricardo Moraes - 10.ago.17/Reuters
Brazil's state-run Petrobras oil company headquarters is pictured in Rio de Janeiro, Brazil, August 10, 2017. REUTERS/Ricardo Moraes ORG XMIT: RJO01
Sede da Petrobras, no Rio; principal fundo de pensão da estatal tem rombo de R$ 25,6 bilhões

A Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras) vai questionar na Justiça o plano de ajuste no principal fundo de pensão da estatal, que prevê aporte de R$ 27,7 bilhões de empregados e da estatal para cobrir o rombo acumulado entre 2013 e 2015.

Aprovado na terça (12) pelo conselho deliberativo da Petros, o plano estabelece, por 18 anos, contribuição extraordinária para os empregados e aposentados. Eles serão responsáveis por injetar R$ 14 bilhões no Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP), que tem 77 mil participantes.

A Petrobras e a BR Distribuidora contribuirão com o restante, caso a proposta seja aprovada pela Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Estatais).

"Nos últimos 14 anos, as contas da Petros foram rejeitadas pelo conselho fiscal, mas depois aprovadas pelo conselho deliberativo, que é controlado pela Petrobras. E agora os trabalhadores pagam a conta", disse o presidente da Aepet, Fernando Siqueira.

A entidade convocou para o dia 25 uma reunião para definir a estratégia na Justiça, considerada "a mais dura batalha a ser enfrentada" pela categoria. Chamou para o evento, além dos participantes do plano, a OAB.

INTERESSES DO PT

Entre 2013 e 2015, a PPSP acumulou deficit de R$ 25,6 bilhões, provocado por questões estruturais, como a mudança no perfil dos assistidos, e por perdas com investimentos. A Petros é acusada pelos participantes de ter cedido a pressões políticas para investir em negócios de interesse do governo PT, como a empresa de sondas Sete Brasil.

"Há também outros investimentos malfeitos, como os 70 identificados pela consultoria EY", acrescentou Siqueira, referindo-se a relatório antecipado pela Folha no qual a consultoria identifica perdas com aportes em fundos com garantias insuficientes.

Nesta quarta (13), o presidente da Petros, Walter Mendes, divulgou vídeo para explicar aos participantes as causas do deficit e o plano de equacionamento. Repetiu a afirmação da véspera, de que os investimentos suspeitos não explicam todo o rombo.

Siqueira, porém, lembra que apenas na Sete Brasil a Petros perdeu R$ 2 bilhões. Ele cita ainda decisão tomada pelo conselho deliberativo em 2008 para reduzir à metade dívida de R$ 9,8 bilhões da Petrobras com o plano.

"O participante não teve nenhum poder de decisão nesses casos."

Ele admite a necessidade de ajuste no fundo, mas defende que a cobrança de alíquotas menores.

O plano aprovado pela Petros estabelece alíquotas progressivas para os participantes. Em casos de salários mais altos, a contribuição passará de 12% para até 40% do vencimento mensal.

"O momento é difícil, pois o equacionamento impacta diretamente nos rendimentos e exige grande esforço", disse Mendes.


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