Folha de S. Paulo


Importador de carro espera fim de barreira alfandegária

As empresas importadoras de carros aguardam ansiosamente pelo dia 31 de dezembro deste ano. A data marcará o fim da política de cotas e sobretaxa aos carros que vêm de fora do Mercosul.

A primeira barreira foi implantada em dezembro de 2011, com a sobretaxa de 30 pontos percentuais que incidiu no IPI (Imposto sobre produtos Industrializados) e resultou em protestos da OMC, que agora se transformaram em punição ao Brasil.

Naquele ano, os carros importados por empresas que não produziam no país alcançaram 5,8% de participação, com 199 mil unidades vendidas. O dólar a R$ 1,65 impulsionava os negócios. Hoje, o volume de vendas dessas marcas representa 1,5% do total, em um mercado que ensaia recuperação.

A mudança nas regras atendia a queixas feitas pela Anfavea, associação que reúne as montadoras instaladas no Brasil. A entidade via como desleal a concorrência por parte das importadoras.

"Saímos de uma venda de 3.000 carros por mês para 4.500 por ano", disse Sergio Habib, responsável pela importação de carros chineses na marca JAC. A declaração foi dada durante o lançamento do utilitário compacto T40, com o qual a empresa espera iniciar sua recuperação.

Em outubro de 2012, mês de lançamento do programa Inovar-Auto, foi estipulado o regime de cotas. As montadoras poderiam trazer 4.800 veículos de fora do Mercosul por ano —o que passasse disso seria sobretaxado.

A alta do dólar e a crise que começou a se desenhar derrubaram de vez as vendas de carros "estrangeiros".

De acordo com a Abeifa, entidade que representa as importadoras de veículos, as vendas das associadas caíram 23% entre janeiro e agosto de 2017. No mesmo período, o total de emplacamentos no mercado automotivo cresceu 5,3%, de acordo com a Anfavea. A conta inclui carros leves e pesados.

Segundo José Luiz Gandini, presidente da Abeifa e representante no Brasil da sul-coreana Kia Motors, as associadas da entidade devem registrar 27 mil emplacamentos neste ano e 40 mil em 2018.

Novos carros devem chegar, mas os preços médios atuais não devem cair: hoje, as empresas têm se mantido dentro das cotas, para fugir da sobretaxa.

De acordo com a Anfavea, o programa Rota 2030, que substituirá o Inovar-Auto, não prevê cotas ou sobretaxas para importadores de veículos, mas deverá manter incentivos à produção local.

As novas regras de controle e incentivo ao setor automotivo devem ser conhecidas em outubro, mas a implementação só deve ocorrer em março ou abril de 2018.

RECUPERAÇÃO

Enquanto os importadores fazem planos para o futuro, os fabricantes instalados no Brasil celebram o começo da retomada do setor. A produção de veículos em agosto registrou seu melhor resultado desde novembro de 2014.

Em relação a agosto de 2016, a alta ficou em 45,1%, com crescimento acumulado no ano de 25,5%. Os dados somam carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões. Os números foram divulgados nesta quarta (6) pela Anfavea.

A entidade prevê que os licenciamentos chegarão a 2,2 milhões de unidades no ano, o que representa elevação de 7,3% sobre 2016. A estimativa anterior era de 4% de alta.

As empresas estão encerrando os programas de proteção ao emprego e chamando os funcionários de volta às linhas de produção, mas ainda há cerca de 6.000 trabalhadores afastados. Por outro lado, houve 1.100 contratações entre julho e agosto.


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