Folha de S. Paulo


Apple mira estúdio de 'Matrix' para fazer investida em Hollywood

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Ator Keanu Reeves (Neo) em cena do filme "Matrix Reloaded"

A Apple está de olho no estúdio onde foram produzidos filmes como "Cidadão Kane" e "Matrix" para servir de base para a sua grande investida na produção de Hollywood.

A fabricante do iPhone está em negociações para transferir a sua divisão de conteúdo original para o Culver Studios, que já teve entre seus proprietários RKO, Howard Hughes e Cecil B. DeMille.

O interesse da Apple pelo estúdio que faz parte da história de Hollywood surge em um momento em que está cada vez mais quente a disputa entre as gigantes do Vale do Silício pelos melhores roteiros de filme e projetos de TV.

O YouTube, que pertence ao Google, está produzindo séries de TV com conteúdo original, assim como a Amazon, que recentemente ganhou dois prêmios Oscar, além de quatro indicações, pelo filme "Manchester à Beira-Mar". A empresa comandada por Jeff Bezos também já demonstrou interesse pelo Culver Studios.

A aquisição do estúdio daria espaço para a Apple expandir às suas ambições, na medida em que a companhia tem feito investidas em diversos profissionais de Hollywood, segundo pessoas familiarizadas com as negociações.

O local tem espaço suficiente para acomodar tanto produções de TV como de longas-metragens. Mas a Apple está procurando principalmente espaço para escritórios, embora em uma localização icônica que sinalize suas ambições para se tornar uma grande força em Hollywood.

A gigante de tecnologia não quis comentar. O Culver Studios não respondeu aos pedidos de entrevista.

MUNDO DE BILHÕES

A Apple pretende investir mais de US$ 1 bilhão ao ano em conteúdo original. Ela recentemente contratou Jamie Erlicht e Zack Van Amburg, dupla de executivos da Sony, para liderar a investida.

A dupla foi responsável por coordenar a produção de programas como "Breaking Bad" e "The Crown" e recebeu a tarefa agora de criar cerca de uma dúzia de programas originais de televisão.

Entre os programas que a Apple quer apostar, está um drama que tem como protagonistas Jennifer Aniston e Reese Witherspoon e que se passa em um talk-show de TV.

De acordo com pessoas que estão a par das negociações, a Apple está disputando o programa com rivais como Netflix, em um sinal de que a empresa tem interesse por produções de alta qualidade, similares às da HBO.

DIFICULDADES

No entanto, apesar dos seus esforços recentes, a Apple vem tendo dificuldades para criar um grande impacto na indústria televisa.

O reality show "Planet of the Apps", transmitido por streaming pelo serviço Apple Music, foi considerado um fracasso. E um estudo da consultoria Parks Associates apontou que o decodificador Apple TV está perdendo participação no mercado dos Estados Unidos para as rivais Roku, Amazon e Google.

Mas, com o seu orçamento generoso e a contratação da cobiçada dupla da Sony, muita gente em Hollywood aposta que é questão de tempo para que a empresa faça barulho também nas indústrias de televisão e cinema

"Eles acordaram e disseram: 'Vamos fazer isso direito'", afirmou um agente de Hollywood que pediu para não ter seu nome identificado. "É bem diferente do que acontecia um ou dois anos atrás", completou.

MAIS RECEITA

A expansão da Apple no mundo da indústria do entretenimento acontece depois de a empresa afirmar que pretende dobrar o seu faturamento com serviços como Apple Music, iCloud e App Store. Ela pretende que até 2021 eles sejam um negócio com receita de US$ 50 bilhões.

Segundo a empresa, que pretende apresentar uma nova versão do seu decodificador de TV na semana que vem, a sua divisão de serviços já é sozinha uma empresa com faturamento de uma companhia que está no ranking da Fortune 100 —na lista deste ano precisaria de receita superior a US$ 27 bilhões. A Apple teve faturamento de US$ 216 bilhões.


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