Folha de S. Paulo


Administrar insatisfações do PMDB é barreira para vender empresa até 2018

Leonardo Benassatto - 16.ago.2017/Reuters
Brazil's President Michel Temer reacts as he makes a presentation to investors at Santander bank in Sao Paulo, Brazil, August 16, 2017. REUTERS/Leonardo Benassatto ORG XMIT: SAO201
O presidente Michel Temer

O governo Michel Temer já detectou focos de resistência à proposta de privatização da Eletrobras entre aliados que detêm cargos no setor elétrico e admite que o processo de venda deve ser finalizado somente no ano que vem.

As projeções mais otimistas do Palácio do Planalto apontam o início de 2018 como prazo máximo para a conclusão da venda da empresa, mas há, entre auxiliares do presidente, quem aposte que isso só vá ocorrer no fim do primeiro semestre.

Até lá, os assessores de Temer acreditam ter tempo para administrar as insatisfações de políticos do PMDB que indicaram nomes para cargos da área, como o ex-presidente José Sarney (AP), o senador Edison Lobão (MA) e o ex-deputado Eduardo Cunha (RJ), preso desde o ano passado em Curitiba.

Ex-ministro de Minas e Energia, Lobão acredita que a proposta de privatização será aprovada pelo Congresso, mas apresenta resistência. "Tenho a impressão de que o resultado prático não será ruim, mas eu ainda tenho uma certa dúvida se ela deve ser privatizada ou não", afirma.

O discurso inicial do Planalto é que a notícia sobre a privatização da Eletrobras provocou boa reação no mercado, o que deve, inclusive, servir de pressão para que parlamentares aprovem as mudanças do setor elétrico.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), disse que, após o processo de venda, "não vai haver mais cargo público" na estatal e que os aliados do governo que possuem apadrinhados no setor "precisam entender que o país vive outro momento".

Desde o ano passado, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, tem analisado propostas para "desinchar" a empresa e tirá-la de uma crise iniciada em 2012.

Ele chegou a anunciar um programa de restruturação que previa a demissão de 50% dos funcionários, mas só há duas semanas o martelo da privatização foi batido, com aval de Temer.

Participaram da reunião em que surgiu a ideia da privatização integrantes das equipes econômica e política de Temer. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, foi contra. Para ele, a operação seria complicada pelas resistências políticas.

Porém, integrantes da equipe política consideraram que essa seria uma agenda positiva no momento em que o governo está enfraquecido e enfrentando resistência no Congresso para reformas e medidas que podem gerar receitas.

Colaborou JULIO WIZIACK, de Brasília


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