Folha de S. Paulo


ANP diz que prioridade é aumentar produção em campos antigos

Leo Pinheiro - 21.abr.2006/Valor/Folhapress
Campo petrolífero de Albacora Leste, na Bacia de Campos no Rio de Janeiro
Campo petrolífero de Albacora Leste, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro

Depois de dar por encerrado o trabalho de mudanças regulatórias para os próximos leilões de petróleo, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) diz que a prioridade agora é fomentar o investimento em campos que já estão em fase avançada de produção.

O objetivo é incentivar investimentos em ampliação da capacidade de recuperação de petróleo –que hoje, na média nacional, é de 21% de todo o óleo que está no reservatório, bem abaixo dos 50% vigentes na Inglaterra, por exemplo.

De acordo com estimativas da agência, cada ponto percentual a mais na capacidade de recuperação de reservas no Brasil nacional geraria investimento de US$ 18 bilhões e royalties de US$ 11 bilhões.

Neste sentido, a ANP propõe a redução dos royalties para volumes adicionais de petróleo recuperados em campos já em declínio, chamados de campos maduros.

A lei permite a cobrança de percentuais entre 5% e 10% da receita com a venda do petróleo –atualmente, todos os projetos pagam 10%.

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, diz que a proposta é reduzir para até 5% a alíquota cobrada sobre a produção incremental garantida por novos investimentos nestas áreas.

Isso é: os volumes atuais continuariam pagando 10% e a alíquota seria reduzida para cada barril de petróleo gerado por investimento adicional.

A proposta tem apoio da prefeitura de Macaé, principal polo produtor do país, que já enfrenta queda de receita com o esgotamento das reservas.

Pode também beneficiar o processo de venda de ativos da Petrobras, que colocou recentemente 30 campos maduros em águas rasas à venda. Com a redução dos royalties, os ativos podem ser mais valorizados.

A expectativa da agência é aprovar regulamentação neste sentido em até seis meses.

CONTEÚDO LOCAL

Oddone voltou a defender as mudanças promovidas pelo governo na política de conteúdo local, que determina a compra de parte dos bens e serviços no Brasil.

Em fevereiro, o governo reduziu à metade os percentuais mínimos exigidos, gerando críticas da indústria fornecedora. A ANP propôs estender o benefício para contratos assinados desde 2005.

"Não ter atividade é o pior cenário. A gente precisa simplificar a agilizar os investimentos que estão parados", argumentou.

A proposta será discutida com o mercado em audiência pública marcada para o dia 3 de outubro.

Em entrevista para detalhar o balanço do segundo trimestre, no início do mês, a Petrobras já informou que pretende aderir ao novo modelo, que é facultativo - caso a empresa aceite, será obrigada a abrir mão da cláusula que permite o pedido de perdão pelo não cumprimento dos indicadores.


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