Folha de S. Paulo


Proporção de idosos em risco de fome ainda preocupa os EUA

Spencer Platt/AFP
NEW YORK, NY - JULY 24: A homeless man pauses on a set of steps in Manhattan on July 24, 2017 in New York City. In its annual homeless count, New York City recorded 3,892 people living on the streets in February. This is a 40 percent increase in homelessness over 2016 and the highest number since the survey began in 2005. Spencer Platt/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
Sem-teto idoso em Nova York; risco de fome se mantém elevado nos EUA

Desde a recessão, as ações dispararam, o desemprego caiu e o número de americanos preocupados quanto à sua capacidade de pôr comida na mesa começou a recuar.

Apesar disso tudo, um indicador importante não mostrou bom desempenho.

A proporção de pessoas de mais de 60 anos classificadas como "em risco de fome" subiu consideravelmente de 2001 em diante e nos últimos anos se estabilizou, mas não caiu, segundo relatório divulgado na semana passada.

Por mais um ano, "não houve queda significativa no número de idosos em risco de fome", disse James Ziliak, professor de Economia e diretor do Centro de Pesquisa da Pobreza na Universidade do Kentucky, um dos autores do relatório.

O grau de insegurança alimentar da população americana como um todo, que subiu na recessão, começou a cair depois de 2011. A despeito da recuperação econômica, se manteve acima do nível anterior à recessão.

Mas é entre os americanos com mais de 60 anos que os efeitos da recuperação parecem mais fracos, de acordo com dados do novo relatório, divulgado pela Feeding Hunger, em parceria com a Fundação Nacional para Eliminar a Fome entre os Idosos.

Em 2001, 610 mil pessoas com idade superior a 60 anos, ou cerca de 1,4% dos idosos americanos, foram classificadas como em risco de fome. E esse número subiu, de lá para cá, chegando a um pico com a recessão e se estabilizando nos últimos anos. Em 2015, dado mais recente, 2,1 milhões foram classificados como em risco de fome, ou 3,1% dos norte-americanos dessa faixa etária.

Ao longo de 14 anos em outras palavras, a proporção de pessoas mais velhas em risco de fome mais que dobrou.

Não se sabe o motivo. Ziliak especulou que diversos fenômenos podem ter influenciado a tendência. Talvez os americanos mais velhos tenham enfrentado dificuldade maior para se recuperar de perdas de patrimônio causadas pela depreciação dos imóveis residenciais. Ou ter sofrido com o baixo rendimento da poupança. Ou com a alta nos aluguéis.

Outros responsabilizam lacunas nos programas de assistência alimentar aos idosos pela alta no risco de fome. "Muitos estão na terrível situação de ter de escolher entre comprar comida ou pagar suas contas médicas", disse Diana Aviv, presidente da Feeding America.


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