Folha de S. Paulo


Dólar volta para R$ 3,17 com alívio por definição de data para revisão da meta

O dólar voltou para a casa de R$ 3,17 nesta terça-feira (15), refletindo o alívio dos investidores com a definição de uma data para a revisão da meta de deficit fiscal. A Bolsa acompanhou a indefinição nos mercados americanos e fechou praticamente estável.

O dólar comercial teve queda de 0,87%, para R$ 3,175. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,18%, para R$ 3,189.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, avançou 0,10%, para 68.355 pontos, renovando o maior patamar desde 16 de maio.

Depois de muita incerteza, o governo decidiu anunciar as novas metas fiscais para 2017 e para 2018 às 18h desta terça.

A definição tira uma indefinição do radar dos investidores, após seguidos adiamentos por impasse entre a equipe econômica e a ala política do governo.

A frustração com as receitas e com a recuperação da economia obrigou o governo a rever suas projeções para 2017 e 2018. Os deficits de R$ 139 bilhões (2017) e R$ 129 bilhões (2018) devem ser ampliados para R$ 159 bilhões para os dois anos.

"A desvalorização do dólar ganhou força após a definição da data para resolver a questão da meta. Tirou a falta de certeza em relação ao momento do anúncio. O mercado acabava especulando em relação às dificuldades que o governo poderia estar enfrentando para definir o número", diz Mauricio Nakahodo, economista do Mitsubishi UFJ Financial Group no Brasil.

Para ele, o tamanho do rombo pode mexer com o mercado. "A magnitude é importante, se a meta revista for muito maior que a esperada pelos investidores pode haver um impacto ruim no mercado", diz.

"A gente sabe que o cenário fiscal é desafiador do lado das despesas e das receitas. Não tem receitas extraordinárias neste ano, é um componente importante para a recuperação de impostos. É preciso saber se o governo está trabalhando com um cenário factível", ressalta.

No exterior, o dólar iniciou o dia em alta após a divulgação dos dados de julho de venda no varejo nos EUA, que subiram 0,6%, após alta de 0,3% em junho. O resultado indica que o mercado consumidor americano está se fortalecendo, embora não a ponto de pressionar os preços ao consumidor, na avaliação de especialistas.

Ainda assim, o dólar perdeu força ante 23 das 31 principais moedas mundiais.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco) do Brasil recuou 1,59%, para 201,3 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados recuaram. O com vencimento em janeiro de 2018 caiu de 8,155% para 8,135%. O contrato para janeiro de 2019 passou de 8,060% para 8,040%.

AÇÕES

Das 58 ações do Ibovespa, 31 subiram e 27 fecharam em baixa.

No dia, destaque para o avanço das ações da Estácio Participações e da Kroton, que divulgou seu balanço do segundo trimestre, com alta de 14,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Os papéis subiram, respectivamente, 4,25% e 3,31%.

Os papéis da Petrobras fecharam em alta, com ajuda do avanço dos preços do petróleo. Os papéis mais negociados da estatal subiram 0,54%, para R$ 13,15. As ações que dão direito a voto tiveram ganho de 0,15%, para R$ 13,62.

As ações da mineradora Vale caíram, alinhadas com a desvalorização de 1,38% dos preços do minério de ferro. Os papéis ordinários da Vale recuaram 0,58%, para R$ 31,12. As ações preferenciais perderam 0,07%.

No setor financeiro, os papéis de bancos fecharam com sinais mistos. As ações do Itaú Unibanco caíram 0,58%. Os papéis preferenciais do Bradesco subiram 0,25%, e os ordinários avançaram 0,64%. As ações do Banco do Brasil recuaram 0,48%. As units –conjunto de ações– do Santander Brasil perderam 0,97%.


Endereço da página:

Links no texto: