Folha de S. Paulo


Manifestação de servidores sem salário tem conflito no Rio

Lucas Vetorazzo/Folhapress
Servidora que se algemou durante protesto no Rio
Professora da Faetec, a rede de escolas técnicas do Rio, decidiu se algemar às grades em protesto

Servidores ativos e aposentados do Estado do Rio protestaram na tarde desta terça-feira (8) contra o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Mais uma vez, o protesto terminou em repressão policial.

O governo do Rio ainda deve os salários de maio para 126.394 servidores e inativos, uma dívida de R$ 418 milhões. Com relação a junho, falta pagar 206.825 pessoas, um total de R$ 569 milhões.

Pezão aposta no leilão da gestão da folha de pagamento, que será realizado nesta quarta (9), para quitar os atrasados. A concorrência, que envolve a prestação de serviços bancários e o processamento da folha, tem preço mínimo de R$ 1,317 bilhão.

Em outra frente, tenta agilizar a adesão ao programa de recuperação fiscal dos Estados, que libera o governo do pagamento de parcelas da dívida com a União.

No protesto desta terça, os servidores ocuparam a frente do Palácio Guanabara, sede do governo, em Laranjeiras, na zona sul.

Policia e manifestantantes no RIo

A passeata começou às 13h. Por volta das 15h, a polícia militar lançou bombas de gás e spray de pimenta contra um grupo que forçou as grades que cercam o palácio.

Duas pessoas chegaram a ser detidas, mas já foram liberadas. Uma delas foi uma professora que chegou a romper o bloqueio policial, o que deu início ao conflito.

Uma professora da Faetec, a rede de escolas técnicas do Rio, decidiu se algemar às grades em protesto. Cecília Guimarães é aposentada da secretaria de Educação e servidora ativa da escola técnica.

"Eu decidi me algemar para chamar atenção pra nossa luta", disse. "Estamos desde maio sem receber, o governo não nos atende e dinheiro repatriado da corrupção não vai para o servidor."

Os servidores esperavam serem recebidos no palácio por algum representante do governo, mas tiveram como resposta que Pezão e a cúpula do governo estaria fora do Estado, em reuniões em Brasília.

A reação policial praticamente desfez a manifestação. Às 16h30, apenas um grupo ocupava meia pista da rua Pinheiro Machado.

Boa parte dos servidores, que organizaram marcha de centenas de pessoas, dispersou em razão das bombas de gás.

Um momento de tensão ocorreu quando um grupo resolveu impedir o trânsito de carros em uma rua perto do palácio. Motoristas se insuflaram contra o grupo de servidores na tentativa de furar o bloqueio.

Um homem que se apresentou como policial civil chegou a sacar uma pistola e fazer ameaças. Os manifestantes acabaram por abrir o bloqueio e o conflito não tomou proporções mais graves.


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