Folha de S. Paulo


Google demite funcionário após polêmica sobre falta de chefe mulher

Marcio Jose Sanchez/AP
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O Google demitiu o funcionário que escreveu um memorando interno em que atribuía a diferenças biológicas as desigualdades de gênero encontrada na indústria da tecnologia nos EUA.

James Damore, o engenheiro que escreveu o texto, confirmou a sua demissão, dizendo que ele foi mandado embora por "perpetuar estereótipos de gênero".

Ele afirmou que está estudando todas as alternativas legais.

O Google informou que não pode comentar casos individuais de funcionários.

O memorando afirma que a "distribuição de preferências e habilidades entre homens e mulheres difere, em parte, por causas biológicas e essas diferenças podem explicar por que não há uma representação igualitária de mulheres em cargos técnicos e de lideranças".

A capacidade masculina para pensamento sistemático faz com que seja mais provável que eles se tornem programadores, defende o engenheiro do Google.

Já as mulheres, segundo ele, têm "uma abertura maior para sentimentos e estéticas em lugar de ideias", o que leva elas a preferirem "trabalhos em áreas sociais ou artísticas".

Em e-mail interno, o presidente-executivo do Google, Sundar Pichai, afirmou que "partes do memorando violam o nosso código de conduta e ultrapassam os limites ao promover estereótipos de gênero nocivos em nosso ambiente de trabalho".

A publicação do memorando em um canal de discussão interna levou a pedidos de alguns trabalhadores para que o Google adotasse uma resposta mais dura.

As questões de desigualdade de gênero têm ganhado força no Vale do Silício nos últimos meses.

O fracasso da Uber em lidar com as acusações de assédio sexual trazidas à tona por uma engenheira mulher colaborou para a renúncia do presidente-executivo e criador da empresa, Travis Kalanick.

O Google tem sido um dos líderes nos esforços do Vale da Silício para contratar mais engenheiras, ainda que o progresso tenha sido lento.

As mulheres respondem por apenas 20% dos trabalhos técnicos da empresa —três anos atrás, quando o levantamento teve início, elas eram 17%.


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