A Samsung Electronics projeta que o avanço nas vendas de chips de memória continue a impulsionar seus rendimentos no terceiro trimestre, em um período de oferta escassa, ainda que a companhia possa perder ímpeto nos segmentos de telas e de celulares.
A projeção otimista surgiu depois que a empresa anunciou lucro recorde no trimestre encerrado em junho e se tornou a empresa de tecnologia mais lucrativa do planeta, com ajuda da alta na demanda por chips para aparelhos móveis e servidores de dados.
"Para o terceiro trimestre, a empresa antecipa que as condições favoráveis continuem no mercado de semicondutores, ainda que seu faturamento geral possa recuar ante o trimestre anterior, com queda nas vendas de telas e de aparelhos móveis", declarou a Samsung nesta quinta-feira (27).
A Samsung antecipa que o boom dos chips de memória continue no segundo semestre e que as vendas de telas flexíveis OLED, usadas nos smartphones de mais alto preço, cresçam, ainda que a pressão de preço continue a ser una preocupação, dada a alta na oferta de telas LCD.
O lucro líquido da empresa subiu em 89%, para o recorde de 11 trilhões de won (US$ 9,9 bilhões) no segundo trimestre, superando a projeção média de 9,8 trilhões de won dos analistas consultados pela Bloomberg. O lucro operacional registrou um salto de 73%, para 14 trilhões de won (US$ 12,7 bilhões), e as vendas cresceram em 20%, para 61 trilhões de won (US$ 55 bilhões).
A divisão de semicondutores foi a principal responsável pelo avanço nos rendimentos da empresa, com um lucro operacional de oito trilhões de won, ou mais de 50% do lucro operacional total da Samsung.
A Samsung ultrapassou a Intel como maior fabricante mundial de chips, no trimestre passado, de acordo com estimativas de analistas, graças ao superciclo de chips de memória, que resultou em alta de mais de 100% nos preços desses chips nos últimos 12 meses.
"A explosão de tecnologias emergentes, nos últimos anos —da internet das coisas à computação em nuvem e big data—, foi uma força crítica para gerar e impulsionar o atual 'superciclo' dos semicondutores", disse Aftab Jamil, sócio e diretor da área de tecnologia da BDO. "O número de aparelhos conectados previsto para os próximos anos vem crescendo explosivamente, e a gama desses aparelhos, de dispositivos vestíveis a carros autoguiados, é incrivelmente diversa".
No segundo semestre de 2017, a Samsung antecipa "forte demanda setorial dados o lançamento de smartphones de topo de linha e a expansão de novas centrais de processamento de dados, e um prolongamento das condições restritas de oferta", a empresa afirmou em comunicado.
Seus executivos disseram a analistas que o grupo não se esforçaria apenas para conquistar mercado, e que seu foco seria a lucratividade.
O lucro operacional da divisão de aparelhos móveis da Samsung foi de 4,1 trilhões de won (US$ 3,7 bilhões) no segundo trimestre, com a ajuda do lançamento do novo modelo Galaxy S8. Os analistas antecipam que a Samsung deve obter nova alta de receita com a versão reformulada do smartphone Note 7, tirada do mercado por problemas técnicos e que retornou às lojas da Coreia do Sul este mês.
A divisão de telas da companhia teve lucro operacional de 1,7 trilhão de won (US$ 1,52 bilhão), sobre vendas ampliadas de telas OLED de primeira linha e grandes painéis de LCD. As vendas de telas OLED devem crescer no segundo semestre, já que a expectativa é de que a Samsung forneça telas para o novo iPhone da Apple, que sai dentro de algumas semanas.
Os resultados fortes foram anunciados no momento em que a Samsung aguarda o veredicto de um processo judicial envolvendo Lee Jae-yong, o bilionário herdeiro da empresa, acusado de propinas e desfalques no escândalo de corrupção que derrubou a antiga presidente sul-coreana Park Geun-hye. Os procuradores públicos sul-coreanos devem pedir uma sentença de prisão longa para Lee, na sexta-feira. Um tribunal de primeira instância decidirá o caso no mês que vem. Lee nega qualquer delito.
Tradução de PAULO MIGLIACCI