Folha de S. Paulo


Cenário para 2º semestre é o melhor em 3 anos, diz presidente do Bradesco

Paulo Whitaker/Reuters
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco: banco está otimista com país
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco: banco está otimista com país

As turbulências políticas não diminuíram o otimismo do Bradesco com a recuperação da economia brasileira. Para o presidente do segundo maior banco privado do país, Luiz Carlos Trabuco, o cenário para o segundo semestre é o melhor dos últimos três anos.

"Não vemos razões para sermos pessimistas com relação ao futuro do Brasil", afirmou Trabuco nesta quinta-feira (27) durante conferência para detalhamento do balanço do banco. "O cenário para o segundo semestre é o melhor nos últimos três anos, e indica como 2018 deve evoluir em relação a 2017."

O executivo reconhece que os eventos econômicos e políticos aumentaram o sentimento de incerteza, mas afirma que, "apesar de todo o ruído que isso gera, os ativos brasileiros são destaques entre investidores globais."

Para Trabuco, o Brasil tem uma agenda intensa na política, com destaque para o cumprimento da meta fiscal. "A opinião corporativa é que não importam os eventos que poderão acontecer, a inflação está abaixo da meta, os juros estão em trajetória de queda, o câmbio está competitivo e o PIB (Produto Interno Bruto) vai retomar a rota de expansão".

"A seriedade que está não só no discurso, mas em atos na questão fiscal, nos faz acreditar que estamos gerando um novo ciclo econômico à frente".

Trabuco também comentou o desempenho do banco no segundo trimestre. O Bradesco lucrou R$ 4,7 bilhões no período, aumento de 13% na comparação com igual intervalo de 2016. Segundo ele, o resultado ficou "em linha com as diretrizes propostas no nosso orçamento" e deve ter "sequência nos próximos trimestres."

O balanço incorpora os resultados do HSBC, comprado em agosto de 2015 pelo banco por R$ 16 bilhões –o negócio foi concluído no ano passado.

A aquisição provocou algumas mudanças no Bradesco, com aumento no quadro de pessoal e de agências. As despesas administrativas e de pessoal somaram R$ 9,865 bilhões, aumento de 2% na comparação com o trimestre anterior e de 21% em relação ao mesmo período de 2016.

Para reduzir os gastos, o banco fechou agências e transformou algumas em postos de atendimento, que têm uma estrutura mais enxuta.

No último dia 13, o banco abriu um programa de demissão voluntária para funcionários que deve terminar no final de agosto.

CRÉDITO

A carteira de empréstimos do banco recuou 1,8% no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, mas cresceu 10,3% na base anual.

No balanço, o banco diminuiu a perspectiva para o crescimento da carteira de crédito no ano. Antes, a expectativa era de crescimento de 1% a 5%. Agora, vê recuo de 1% a 5%.

Para o presidente do Bradesco, os desafios para o crescimento do crédito continuam. "Mas a mensagem principal do balanço é que o Bradesco tem diferenciais competitivos fortes que nos permitem resistir a cenários duros e de turbulência e realizar uma rápida adaptação em cenários desafiadores", afirma Trabuco.

Carlos Firetti, diretor do banco, diz que começa a haver crescimento positivo no saldo da carteira para pessoas físicas. "Estamos estabilizando carteira de pessoas jurídicas. Ao final do ano, teremos espaço para voltarmos a crescer, o que, na nossa visão, é um dos pontos mais importantes para as operações do banco", diz.

Para pessoa física, a retomada deve se dar em linhas mais "seguras", como crédito imobiliário e consignado, afirma Firetti.

"Vamos ter uma aceleração das linhas que já estavam indo bem, com características mais saudáveis e prazo mais longo, o que é positivo para a construção de relacionamento com o cliente", diz. "No imobiliário, a adimplência é muito boa dado o percentual do imóvel que a gente financia. O consignado é praticamente 100% quitado."

O executivo comentou ainda o impacto positivo das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), embora o banco não consiga estimar essa influência. "Temos a impressão de que houve, sim, algum impacto do FGTS, deu um fluxo extra e ajudou em algumas renegociações, no pagamento de divida, na captação. Mas não conseguimos medir o impacto", afirma Carlos Firetti, diretor do banco.

Na conferência, o banco destacou a influência de seguros e previdência no resultado do banco. Dos R$ 9,352 bilhões do lucro ajustado no primeiro semestre, R$ 2,644 bilhões (28,3%) foram provenientes das atividades de seguros, previdência e capitalização.

"Os seguros têm amplificado a força comercial. Tivemos aumento em prestação de serviço e na distribuição de produtos. A despeito do cenário recessivo, há uma demanda crescente dos clientes em cartão de credito, seguros, fundos e consórcios", diz Trabuco.


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