Folha de S. Paulo


Telefonia via internet cresce e atinge grandes e pequenas empresas

Zanone Fraissat/Folhapress
Christophe Lacour, da 1900 Pizzeria, na sede da empresa
Christophe Lacour, da 1900 Pizzeria, na sede da empresa

Empresas estão substituindo o PABX, com seus fios e placas que conectam ramais, pela telefonia em nuvem, que funciona via internet. O objetivo é economizar.

De acordo com Paulo Chabbouh, diretor da L5 Networks, companhia que oferece planos e softwares voltados para a telecomunicação em nuvem, esse movimento é observado entre empresas de todos os portes.

"Temos como clientes não só call centers e universidades, que contam com centenas de ramais, mas clínicas médicas, pizzarias e escritórios de advocacia", diz.

Christophe Lacour, gerente de TI da 1900 Pizzeria, rede que funciona na capital paulista, diz que as unidades começaram a migrar para a nuvem há cerca de dois anos. As lojas ainda mantêm linhas analógicas, mas a ideia é substituí-las por completo até o fim do ano.

A redução nos gastos com ligações ficou entre 20% e 30%, diz Lacour. Além disso, houve "ganho tecnológico".

"Tudo é gravado e fácil de monitorar. Ficou mais prático, por exemplo, rastrear chamadas perdidas e quantificar as ligações que resultam em pedidos", afirma o gerente.

Para André Chinchio, sócio do laboratório de genética Genera, em São Paulo, a telefonia em nuvem ajuda a otimizar recursos.

Como a modalidade dispensa parte da estrutura física do PABX convencional e requer a contratação de apenas uma linha digital, independentemente da quantidade de ramais utilizados, foi possível descentralizar o atendimento das unidades.

Sem a ferramenta, os laboratórios precisariam de um call center único e mais funcionários teriam de ser contratados, diz Chinchio.

Para tanto, a telefonia via internet requer investimentos: é preciso comprar um servidor e a estrutura de hardware, além de contratar uma linha digital. Ao todo, a implantação sai em média por R$ 2.000, a depender da quantidade de ramais.

Já os gastos mensais, que variam de acordo com o número de chamadas e do plano escolhido, giram em torno de R$ 700.

Chefe do departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Luciano de Errico afirma que, pela relação custo-benefício e facilidade estrutural, é questão de tempo para que as empresas abandonem totalmente a telefonia convencional.

"As grandes empresas não vão jogar no lixo suas bases instaladas, mas tão logo entrem em obsolescência serão substituídas pela nuvem."

De acordo com um relatório do Synergy, instituto americano de pesquisas de mercado, a modalidade, no Brasil, ultrapassou o PABX convencional na metade de 2015.

E a expectativa é de alta: em três anos, estima a instituição, o setor crescerá 9,2%, enquanto o PABX clássico deve recuar 4,4%.

Em algumas regiões do país, no entanto, a internet ainda é precária, o que gera oscilações no sinal da telefonia. Por isso, afirma Chabbouh, é comum que seus clientes utilizem mais de um roteador para garantir a estabilidade.

SEGURANÇA

Jaqueline Andrade, chefe de finanças do Duobank, que atua no mercado financeiro, optou pela telefonia via IP há oito meses.

Ela diz que, como o ramo requer segurança na informação, a nuvem é fundamental -todas as ligações são automaticamente gravadas, por exemplo.

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COMO USAR
Dentro da modalidade, é possível contratar serviços como gravação das ligações, organização dos dados gerados pelas chamadas e conexão ao celular

Caso a intenção seja manter o número analógico, é possível fazer a portabilidade -empresas do setor estão habilitadas a realizar a transição

Para garantir a estabilidade do serviço e a disponibilidade do sinal, é aconselhável que a companhia mantenha pelo menos dois pontos de internet com operadoras diferentes


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