Folha de S. Paulo


Mudança de governo pode ajudar a destravar reformas, diz economista

Mark Lennihan/AP Photo
Santander Brasil é unidade que mais contribui para ganhos do grupo Santander, com sede na Espanha
Santander Brasil é unidade que mais contribui para ganhos do grupo Santander, com sede na Espanha

O mercado financeiro espera que o presidente Michel Temer se mantenha no cargo, mesmo com as incertezas políticas que ameaçam o peemedebista, mas uma eventual troca do governo pode ser positiva se melhorar a articulação política no Congresso e aumentar a chance de aprovação das reformas.

A avaliação é de Maurício Molon, economista-chefe do banco Santander Brasil.

Em meio a notícias de que o ex-deputado Eduardo Cunha pode implicar Temer em sua delação, volta a ganhar força a possibilidade de Rodrigo Maia (DEM-RJ) assumir a Presidência.

"Se houver uma mudança na Presidência que possa trazer mais segurança de aprovação das reformas, o mercado pode inclusive reagir de maneira positiva", diz. "Depende de como for feito, de qual vai ser o apoio, qual vai ser a diretriz, da forma como vai ser feito", afirmou.

A troca poderia eventualmente destravar a aprovação de reformas. "Se você tem uma mudança ou um apoio ainda maior, uma convicção e e uma capacidade de articulação ainda maior, pode ser positivo para o mercado e para a recuperação da economia sim", ressaltou.

Para ele, se houver um consenso no segundo semestre de um "executivo com capacidade, vontade e habilidade para fazer as reformas mais rápido do que se esperava, teria um impacto positivo no preço [de ativos], sem dúvidas", complementou.

O economista avalia que o mercado trabalha atualmente com um cenário de um ambiente político que não permite grande otimismo com relação a reformas no curto prazo, com exceção da reforma trabalhista. "No momento, parece que você não tem ambiente político para aprovar a reforma da Previdência com rapidez", ressaltou.

Segundo Molon, o mercado já projeta que as mudanças na Previdência fiquem para depois das eleições de 2018.

"Para os mercados, o importante é a perspectiva de que se aprovem as reformas. Esperávamos que avançassem em 2017, a reforma trabalhista sairá na semana que vem sem problemas. Mas a da previdência só deve ocorrer após 2018. Já precificamos o atraso na aprovação da reforma", afirmou.

O banco prevê crescimento de 0,7% da economia brasileira em 2017 e de 3% no próximo ano, em projeções que consideram a continuidade da política de reformas implementada pelo atual governo e o ambiente internacional favorável. Molon afirmou que há preocupações com China e o ciclo de aumento de juros nos Estados Unidos.

Sobre as eleições do próximo ano, o economista-chefe do banco diz que ainda não é possível projetar um cenário.

"É muito cedo dizer que um candidato a ou b ser a eleito, pois muita coisa vai acontecer ainda. Mas com a recuperação econômica e a convergência nas reformas, o país deve acabar apoiando um candidato reformista", concluiu.

Apesar disso, ele afirma que o mercado projeta em 80% as chances de manutenção do ritmo das reformas e da consolidação fiscal com um candidato de centro-direita vencendo as eleições. A vitória de um candidato de esquerda é estimada em 15%, concluiu.

A jornalista viajou a convite do Santander Brasil


Endereço da página: