Folha de S. Paulo


Governo central tem em maio pior deficit fiscal desde 1997

O governo registrou, em maio, o pior deficit fiscal para o mês desde 1997, início da série histórica.

O resultado se deveu principalmente ao aumento das despesas verificado no mês, que subiram 12,7% ante o mesmo mês do ano passado.

Já as receitas caíram 0,6% na mesma comparação, sempre descontada a inflação.

Com isso, o deficit no mês foi de R$ 29,4 bilhões.

O resultado de maio fez com que o deficit acumulado em 12 meses alcançasse em maio R$ 167,6 bilhões, equivalente a 2,59% do PIB, mais distante da meta do governo para este ano.

O objetivo é chegar ao fim de 2017 com um resultado negativo de R$ 139 bilhões, ainda no vermelho porém levemente melhor do que o verificado em 2016.

Dada a debilidade da arrecadação de impostos, porém, economistas e analistas do mercado financeiro estão cada vez mais céticos sobre a capacidade do governo entregar esse resultado.

Nos primeiros cinco meses do ano, o deficit acumulado é de R$ 34,9 bilhões, 42% superior ao do mesmo período de 2016.

EFEITOS EXTRAORDINÁRIOS

O aumento expressivo das despesas do governo federal em maio se deveu à antecipação de pagamentos em precatórios e sentenças judiciais, segundo o Tesouro Nacional.

Desde 2013, esses pagamentos ocorrem entre novembro e dezembro. Mas o governo decidiu neste ano antecipar os pagamentos para maio e junho. Foram R$ 10 bilhões pagos em maio e mais R$ 9 em junho.

Segundo a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, a antecipação vai gerar uma economia de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões neste ano, uma vez que o governo paga juros nesses pagamentos..

"É preciso ressaltar que não são despesas adicionais e, sim, um reordenamento da programação ao longo do ano", afirmou.

O resultado negativo de maio fez o deficit em 12 meses subir de 2,39%, em abril, para 2,59% do PIB em maio. Em valores, o deficit acumulado subiu de R$ 154 bilhões em abril para R$ 167 bilhões em maio.

Apesar do resultado negativo, Vescovi afirmou que o governo ainda persegue a meta deste ano.

Ela diz que a área econômica espera por definições sobre receitas extraordinárias no montante de R$ 15 bilhões, obtidas em programas de refinanciamento de dívidas como o Funrural e o novo Refis, em negociação no Congresso. Além disso, o governo espera incorporar R$ 8,6 bilhões em receitas com precatórios não sacados após dois anos.


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