Folha de S. Paulo


Protesto contra pacote fiscal deixa quatro feridos em Curitiba

Giuliano Gomes/PR Press/Folhapress
Servidores municipais em greve fazem protesto em frente à Câmara
Servidores municipais em greve fazem protesto em frente à Câmara

Um protesto de servidores municipais contra o pacote fiscal proposto pelo prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), terminou em invasão do plenário e confronto com a polícia, com quatro pessoas feridas, na manhã desta terça (20).

Cerca de 4.000 manifestantes, segundo os organizadores, estavam em frente à Câmara de Vereadores quando um grupo tentou invadir o local, cercado por cordões de isolamento.

A Polícia Militar, que fazia a guarda do prédio desde a madrugada, reagiu com cassetetes e spray de pimenta. Os feridos sofreram escoriações, contusões e irritação com o gás de pimenta, à exceção de um servidor, João Carlos Filla, 51, que foi atingido na cabeça, teve sangramento e foi encaminhado a um hospital.

"Caí ali na escada, os caras me deram uma porretada na cabeça", disse ele à RPC TV (afiliada da Globo).

Em nota, a PM disse que atuou "de modo absolutamente equilibrado com razoabilidade", e que agiu para "preservar a ordem pública e garantir o exercício dos poderes constituídos". Um servidor municipal foi detido por resistência e encaminhado à delegacia, onde foi liberado depois de assinar um termo circunstanciado.

Sismuc/Divulgação
Servidor em protesto contra pacote fiscal em Curitiba é ferido, em frente à Câmara de Vereadores. Crédito: Sismuc/Divulgação
Servidor em protesto contra pacote fiscal em Curitiba é ferido, em frente à Câmara de Vereadores

Os vereadores tentavam votar, pela segunda vez, um pacote que impõe um teto aos gastos com pessoal, altera o plano de carreira dos servidores, corta gratificações como a licença-prêmio e aumenta a contribuição previdenciária, entre outras medidas. A votação foi suspensa após a confusão, e só deve ser retomada na semana que vem.

A Prefeitura de Curitiba argumenta que vive "uma calamidade financeira sem precedentes" e que já vem cortando despesas, mas precisa refrear o gasto com pessoal, a fim de garantir o pagamento em dia do funcionalismo. "Direitos sem sustentabilidade são desenganos", afirmou Greca, nas redes sociais. O prefeito diz não querer que Curitiba vire "uma Porto Alegre ou um Rio de Janeiro".

Os sindicatos municipais afirmam que a proposta retira direitos e pode prejudicar o atendimento à população, ao impor um teto de gastos ao funcionalismo. "É um caminho equivocado. Você tem que aumentar arrecadação, e não cortar despesas. Não é assim que vamos melhorar os serviços", disse Irene Rodrigues dos Santos, coordenadora-geral do Sismuc (Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba).

Os manifestantes, que já invadiram a Câmara na semana passada, durante a primeira tentativa de votação, gritavam "Retira, retira, retira o pacotaço". Eles reclamavam do "clima de praça de guerra" e do regime de urgência na votação do projeto.

No início da tarde, a Justiça determinou a reintegração de posse da Câmara, cujo plenário estava ocupado por servidores. Em greve desde a semana passada, eles decidiram, no final da tarde, deixar o local, o que ocorreu de forma pacífica, por volta das 17h.

O prefeito Greca diz que não pretende retirar o projeto de pauta e que, sem sua aprovação, terá que atrasar ou parcelar salários até o fim do ano.


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