Folha de S. Paulo


Em crise, Uber perde espaço para rival nos Estados Unidos

Nelson Gariba/Brazil Photo Press/Folhapress
Clientes do Uber em todo o país vão poder pagar suas viagens com cartão de débito, sem o uso da maquininha, a partir desta terça
Usuário do Uber abre aplicativo em celular

A Uber está perdendo espaço nos EUA, seu principal mercado, para um rival que até recentemente nem era levado em consideração, em um momento em que enfrenta uma série de crises, como a decisão de seu presidente de pedir licença do cargo por tempo indeterminado.

Com o crescimento da concorrente Lyft, a participação da Uber no mercado americano caiu em maio para 77%, ante 84% no início deste ano, de acordo com a empresa de pesquisas Second Measure, que utiliza dados anônimos de cartão de crédito.

As vendas globais da Uber ainda estão crescendo, com o faturamento no primeiro trimestre chegando a US$ 3,4 bilhões, o triplo do obtido um ano atrás. O crescimento no mercado americano, no entanto, está desacelerando e se tornou uma fonte de preocupação para os investidores.

A Uber, ainda que enfrente forte concorrência no exterior (como no Sudeste Asiático e na Índia), sempre dominou o mercado americano.

Esse domínio tem benefícios claros. Ter o maior número de clientes e motoristas torna o sistema mais eficiente e vira uma vantagem difícil de ser batida pelos demais competidores.

"Investidores temem que a Uber possa estar se autodestruindo, até certo ponto", disse o analista Santosh Rao.

A empresa, avaliada em US$ 62,5 bilhões, tem enfrentado vários escândalos neste ano, como as acusações de assédio sexual no ambiente de trabalho, do uso de um software para iludir autoridades regulatórias e roubo de propriedade intelectual.

Na semana passada, o presidente-executivo da companhia, Travis Kalanick, saiu de licença sem que um substituto fosse escolhido —a empresa será dirigida por 14 executivos, muitos deles novatos.

A perda de espaço da Uber foi estimulada pela campanha #DeleteUber, que estimulou os usuários a deixar de usar o serviço após Kalanick ter aceitado participar do conselho de assessores do presidente dos EUA, Donald Trump -ele renunciou posteriormente ao posto.

A Lyft, por sua vez, aumentou o número de cidades que atende para 150 e viu seus números melhorarem com a crise vivida pela concorrente.

Em San Francisco, sede das duas empresas, a Second Measure estima que a Lyft tenha 40% do mercado.

No geral, ela ainda permanece distante da Uber, com um faturamento de US$ 708 milhões no ano passado -um nono do obtido pela rival.

Mas esse cenário pode estar mudando. De acordo com pesquisa da consultoria cg42, 25% dos consumidores americanos têm uma visão negativa da Uber e 4% deixaram de usar o aplicativo.


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