Folha de S. Paulo


Crescimento do 1º trimestre ficou para trás, sinaliza dado do BC

Pedro Revillion/ Palácio Piratini
Produção da indústria brasileira teve em 2015 pior resultado da série histórica do IBGE
Indicador de atividade econômica tem alta considerada fraca em abril

O indicador de atividade econômica adotado pelo Banco Central cresceu 0,28% em abril, resultado considerado fraco e que sinaliza que o efeito positivo do agronegócio sobre a economia ficou para trás e o segundo trimestre pode se confirmar negativo.

Na comparação com abril do ano passado, o IBC-Br recuou 1,75%, invertendo a trajetória de alta desenhada em março (avanço de 0,84% ante igual mês do ano anterior).

Para o Bradesco, a alta do IBC-Br em abril refletiu principalmente o crescimento das vendas do varejo e do setor de serviços. Ainda assim, a equipe econômica do banco manteve a expectativa de queda de 0,4% para o PIB do segundo trimestre.

Olhando à frente, a equipe do Banco Fator avalia que os dados de maio já indicam desaceleração da economia, sendo impossível dizer se os efeitos da crise política sobre as decisões de produzir e de consumir já estão na conta ou não são relevantes.

Índice de atividade econômica - Série com ajuste sazonal. Comparação com o mês anterior, em %

Em contrapartida, Alberto Ramos, diretor de pesquisa para América Latina do Goldman Sachs, afirma em relatório que indicadores de confiança mais recentes e dados da indústria indicam que a economia encontrou um ponto de inflexão no primeiro trimestre do ano.

Isso não significa reação do crescimento econômico. Para Ramos, ele deve se manter fraco em 2017, dado o mercado de trabalho ainda muito ruim e fortes incertezas geradas pelo cenário político.

INVESTIMENTO MENOR

Na avaliação de Bruno Levy, economista da Tendências Consultoria, considera que o IBC-Br veio fraco, mas não a ponto de mexer com as projeções para o PIB do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A estimativa da Tendências para o PIB é de uma alta de 0,3% para este ano e outra, bem mais forte, de 2,8% para o ano que vem.

As turbulências que atingiram o governo alteraram especialmente as expectativas para o componente do investimento na economia. A alta esperada de 2% foi revista para queda de 1,1% em 2017.

Os investimentos feitos pelos setores da construção civil e da indústria da transformação são os mais afetados.

No sentido oposto, o consumo foi revisado levemente para cima (de -0,3% para zero), levado pela queda da inflação e dos juros e também pela liberação das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Parece pouco, diz Levy, mas por representar dois terços da economia, essa alta de consumo compensará a piora dos investimentos.


Endereço da página:

Links no texto: