Folha de S. Paulo


Franquias de porte médio devem ser tratadas como negócio de família

Para o empreendedor que quer investir de R$ 50 mil a R$ 250 mil em uma franquia, o leque de opções inclui redes de cursos de idiomas, locadoras de veículos e clínicas de diversas especialidades. Escolher em qual segmento atuar não depende apenas de uma aptidão pessoal: é preciso saber o que é exigido em cada empresa.

"Você tem que se identificar com o negócio, mas também entender as regras específicas do ramo. Quem sonha em ter uma hambugueria deve considerar que terá de trabalhar nos fins de semana", diz Ruy Soares de Barros, consultor do Sebrae-SP.

DINHEIRO E EXPERIÊNCIA

Os donos das empresas que oferecem as franquias também analisam o perfil de candidatos a parceiros. Além de dinheiro para investir, ter curso superior e experiência anterior neste mercado são fatores que podem ajudar na conquista de um sim.

"Um erro comum é achar que quem abre uma franquia não precisa trabalhar, que é como colocar dinheiro no banco para render. A franquia pode dar um excelente retorno, mas a dedicação é imprescindível", diz Edson Ramuth, diretor-executivo da Emagrecentro, rede de clínicas de estética que exige um investimento inicial de cerca de R$ 72 mil.

"Quanto mais próximo for o franqueado da gestão, melhor. Os parceiros com o melhor desempenho na rede são aqueles que administram a franquia como um negócio familiar", completa Ivan Macena, fundador da franquia Fábrica di Chocolate.

É o caso da família da empresária Priscilla Brito de Andrade, que trabalha com a rede de estética há nove anos. Ela entrou como atendente da clínica, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), e hoje é sócia.

Tudo começou quando sua irmã decidiu comprar uma loja que não estava indo bem. Em três meses, recuperou o dinheiro e levantou o negócio. Hoje, a irmã já tem uma unidade em Miami -138 redes de franquias brasileiras têm unidades fora do país– e Priscilla foi alçada a sócia da unidade paulista.

"Um dos segredos é entender do ramo. Quem trabalha com estética não vende um produto, vende um sonho. Se você não entender isso, não saberá lidar com o cliente", afirma Priscilla.

A expansão de um negócio de porte pequeno ou médio extrapola a unidade. "O legal é levantar um capital de giro e abrir outra loja", diz Barros.

Ou então fechar, como aconteceu com a Emagrecentro de São Bernardo do Campo, que chegou a ter cinco unidades entre 2010 a 2012 e hoje tem só uma. "Quando a crise passar, queremos expandir", diz Priscilla

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Para novatos, vale apostar em modelo enxuto

O investidor pode até ter condições de adquirir uma franquia de médio ou grande porte, mas se for um iniciante no ramo, vale apostar em um modelo mais enxuto, que exija um aporte menor de capital.

Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising), negócios que envolvem até R$ 90 mil são considerados microfranquias. Empresas que trabalham só com opções desse tamanho ou modelos mistos representam cerca de 550 das mais de 3 mil redes do país.

ALÉM DA TAXA

É preciso ficar atento aos valores envolvidos. A taxa da franquia não é o único investimento necessário, e isso precisa estar bem claro para quem vai investir. Muitas vezes, ela pode vir acompanhada de custos adicionais com marketing, montagem do ponto de venda, manutenção, estoque etc. Por isso, é interessante conversar com franqueados.


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