Folha de S. Paulo


Apple tenta dar sua resposta ao Google e à Amazon sobre comando de voz

Robert Galbraith - 7.mar.12/Reuters
Tim Cook fala sobre a assistente virtual Siri durante evento da Apple em San Francisco, na Califórnia
Tim Cook fala sobre a assistente virtual Siri durante evento da Apple em San Francisco, na Califórnia

Por boa parte da primeira década do iPhone, o principal foco de interesse para os desenvolvedores era a tela de toque: a face que lançou mil aplicativos. Agora que o smartphone da Apple está chegando ao seu décimo aniversário, a empresa começa a abrir os olhos e os ouvidos do aparelhos a novos aplicativos.

Na Worldwide Developers Conference da Apple, na semana que vem, a empresa deve apresentar sua resposta à assistente digital Alexa, da Amazon, controlada por voz, e aos avanços do Google no campo da visão computadorizada, revelando novos usos para sua assistente digital Siri e uma nova versão de seu sistema operacional iOS.

No passado, os encontros anuais de desenvolvedores de aplicativos para a companhia se concentravam em software e serviços.

A palestra de abertura da conferência, sob o comando do presidente-executivo da Apple, Tim Cook, na segunda-feira (5), pode ter o lançamento de hardwares, a começar por um aparelho de som comandado pela Siri para combater o Amazon Echo e o Google Home.

Quando o site noticioso indiano "NDTV" perguntou a Philip Schiller, vice-presidente de marketing da Apple, o que ele achava sobre os dois aparelhos, ele respondeu: "Minha mãe me ensinou que, quando você não tem nada de agradável a dizer, melhor ficar calado".

Os analistas rebatem afirmando que uma das maiores causas de preocupação, para a Apple, está no fato de que seus clientes têm pouco a dizer sobre a Siri, igualmente.

RISCO

"No momento, a percepção é que a Siri é o pior sistema entre os que estão no mercado, do Alexa ao Google", disse Ben Bajarin, analista da Creative Strategies, empresa de pesquisa do Vale do Silício.

"Eles precisam garantir que as pessoas tenham a experiência que esperam da Apple, com a Siri, ou correm o risco de perder a confiança desses consumidores."

Em algumas situações, sussurrar no ouvido do iPhone pode ser uma maneira mais fácil de completar uma tarefa do que digitar na tela de toque.

Mas a Siri enfrenta o mesmo desafio dos demais assistentes virtuais. Os ícones dos aplicativos ficam visíveis na tela, mas pode ser difícil para o consumidor saber o que um assistente comandado por voz é capaz de fazer. Se o usuário recebe muitas respostas confusas, a tendência é que deixe de fazer perguntas.

A Apple começou lentamente a aumentar a gama de tarefas que a Siri é capaz de executar. Na sua conferência de desenvolvedores do ano passado, pela primeira vez permitiu que outras empresas, como o Facebook e a Uber, tivessem acesso aos controles da Siri.

Analistas estimam que o número de apps que aproveitam essa facilidade seja de algumas centenas ou no máximo alguns poucos milhares, ante as mais de 10 mil "capacidades" disponíveis para o Amazon Echo.

QUALIDADE

A Apple muitas vezes prefere qualidade a quantidade, o que restringe o que os desenvolvedores podem fazer nos dias iniciais de uma nova plataforma. A empresa prefere garantir o que entende como uma boa experiência para o usuário.

"No caso em questão, chegar tarde convém à Apple", afirmou Danielle Levitas, da App Annie, companhia que pesquisa sobre aplicativos, porque isso permite que ela aprenda com os erros de outras empresas.

"É uma área importante demais para eles, e não podem errar. Mas, se você opta por entrar mais tarde, adquire a obrigação de ser o melhor."

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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