Folha de S. Paulo


Bolsa sobe em dia de volume fraco e de olho no TSE; dólar avança para R$ 3,25

Em sessão marcada pela instabilidade e pelo volume reduzido, a Bolsa brasileira fechou com leve alta e o dólar avançou para R$ 3,25 nesta sexta-feira (2), com os investidores já voltando as atenções para o início do julgamento que pode determinar a saída do presidente Michel Temer do poder.

Após oscilar bastante durante o dia, o Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, fechou em alta de 0,36%, para 62.510 pontos. O volume negociado foi de R$ 6,68 bilhões, abaixo da média diária do ano, que é de R$ 8,4 bilhões.

No mercado cambial, o dólar fechou em leve alta. O dólar comercial subiu 0,21%, para R$ 3,255. O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 0,04%, para R$ 3,242.

O volume mais fraco foi uma constante ao longo da semana. Na avaliação de analistas, os investidores estão mais cautelosos e à espera do início do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), previsto para a próxima terça-feira (6).

"Há uma incerteza muito grande, então o mercado espera uma definição antes de tomar uma decisão mais importante de investimento. Ele reage à indefinição comprando ações em lotes menores", afirma Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

"O que trava o mercado atualmente é a agenda, que está complicada pela questão política. Na semana que vem, teremos mais vetores complicados, com a votação no Senado da reforma trabalhista."

Um dos fatores que impulsionava a alta da Bolsa, a entrada de estrangeiros perdeu força nos últimos dias de maio, afirma Mário Roberto Mariante, analista-chefe da Planner Corretora. "O mercado está operando com prudência em relação ao cenário político, sempre na expectativa de que saia alguma notícia preocupante. Na próxima semana, a pauta política está mais carregada, o que justifica o volume mais baixo nos últimos dias", diz.

Para ele, a "gordura" da Bolsa favorece esses movimentos de instabilidade. No ano, o Ibovespa ainda avança 3,8%. "Quem está com lucro pode vender e embolsar os ganhos até que a situação fique mais clara", ressalta.

AÇÕES

A instabilidade da sessão se refletiu nos papéis mais negociados, que também vivenciaram um dia de altos e baixos. As ações da Petrobras e da Vale percorreram o terreno negativo antes de se firmarem no azul.

Os papéis mais negociados da estatal subiram 0,23%, para R$ 13,05. As ações com direito a voto se valorizaram 0,20%, para R$ 13,74. A alta se deu apesar da queda dos preços do petróleo no exterior, diante da preocupação com o aumento da oferta da commodity nos Estados Unidos.

No caso da mineradora Vale, as ações foram ajudadas pela alta de 3,25% dos preços do minério de ferro. Os papéis mais negociados da Vale subiram 0,05%, para R$ 25,45. As ações com direito a voto avançaram 0,11%, para R$ 26,78.

Ainda na ponta positiva, as ações da Cemig fecharam o dia em alta de 0,20%, após a empresa anunciar um plano de desinvestimentos que inclui ativos que somam valor patrimonial de R$ 6,6 bilhões.

No setor financeiro, as ações fecharam com sinais mistos. Os papéis do Itaú Unibanco subiram 0,35%. As ações mais negociadas do Bradesco caíram 0,40%, e as com direito a voto perderam 0,40%. O Banco do Brasil avançou 0,04%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil teve alta de 0,16%.

Os papéis da JBS lideraram as perdas do Ibovespa, ao recuarem 3,06%.

DÓLAR

Pela manhã, o dólar operou em baixa, após o mercado de trabalho americano mostrar dados mistos. Enquanto a taxa de desemprego caiu para 4,3%, no menor patamar em 16 anos, a geração de vagas em maio deixou a desejar. Foram criados 138 mil postos de trabalho, menos que o esperado por analistas.

O Banco Central não fez intervenções no mercado cambial nesta sessão. Em julho, vencem US$ 6,939 bilhões em swap cambial tradicional, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.

O CDS (credito default swap), espécie de termômetro de risco, fechou estável aos 237,2 pontos.


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