Folha de S. Paulo


Cemig coloca R$ 6,6 bi em ativos à venda em plano de desinvestimentos

Lalo de Almeida/Folhapress
Barragem da hidrelétrica de Belo Monte, citada pelo artigo
Barragem da hidrelétrica de Belo Monte; Cemig conversa com sócios para vender sua parte na usina

A elétrica mineira Cemig anunciou nesta quinta-feira (1º) um plano de desinvestimentos que inclui ativos que somam valor patrimonial de R$ 6,6 bilhões. A empresa espera ter sucesso em no mínimo 50% do programa até o primeiro semestre de 2018.

As vendas de ativos, que terão como objetivo reduzir aceleradamente a enorme dívida da companhia, incluirão o negócio de geração da controlada Light, fatias nas transmissoras Taesa e Transmineira e as participações da empresa nas grandes hidrelétricas de Santo Antônio e Belo Monte.

Na Taesa, a Cemig venderá 19% dos 31,5% que detém. Nas grandes hidrelétricas, buscará vender todas as participações.

A companhia também pretende se desfazer das subsidiárias de gás e telecomunicações, Gasmig e Cemig Telecom, e encontrar um sócio estratégico para a controlada de geração limpa Renova Energia.

O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Cemig, Cesar Vaz de Melo, disse que o objetivo do plano é reduzir a relação entre dívida líquida e geração de caixa da empresa a um patamar "aceitável" de 2,5 vezes, ante 4,21 vezes no final do primeiro trimestre de 2017.

Segundo ele, muitas das negociações pelos ativos já estão em estágio avançado, e em alguns casos já há propostas não vinculantes feitas por interessados.

"Não há dúvidas da administração da Cemig com relação à efetiva venda desses ativos. Agora sim com propostas que já estão maduras, negociadas e renegociadas", disse Melo.

Também estão na lista de desinvestimentos pequenas hidrelétricas e subsidiárias com portfólio de projetos na área, como as usinas Cachoeirão, Pipoca e Paracambi e as subsidiárias Guanhães Energia, Brasil PCH e Espra.

O plano foi divulgado por meio de comunicado ao mercado.

NEGÓCIOS EM ANDAMENTO

Executivos da Cemig disseram que esperam receber ainda nesta semana uma proposta para entrada de um sócio estratégico em sua controlada Renova Energia, o que acabaria com a necessidade de injetar recursos na empresa.

Já a Light Energia, com ativos de geração, deve ser vendida para a Aliança, uma joint venture da Vale com a Cemig que opera uma série de hidrelétricas.

Em Santo Antônio e Belo Monte, que estão entre as maiores hidrelétricas do Brasil, a Cemig tem conversado com outros sócios dos empreendimentos para conduzir as vendas.

Mas em Belo Monte a prioridade neste momento é resolver algumas pendências, como a venda de uma fatia da energia da usina que ainda está descontratada.

"A gente estrategicamente está resolvendo os principais problemas de Belo Monte antes de colocar esse ativo à venda... Mas de qualquer maneira já estamos em um processo de seleção dos assessores [para a negociação]", disse Melo.

Além dessas operações, a Cemig pretende negociar com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a devolução da hidrelétrica de Itaocara. A empresa e a Light arremataram o projeto em leilão, mas não têm recursos para construir a usina.

"Itaocara perdeu muita rentabilidade, estamos negociando com a Aneel para a gente entregar a concessão", disse o diretor.

REPERFILAMENTO DA DÍVIDA

A Cemig também pretende rever o perfil de sua dívida, que concentra mais de R$ 10 bilhões em vencimentos até 2019.

O diretor financeiro da companhia, Adézio Lima, disse que a ideia da elétrica é captar entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão com a emissão de "eurobonds" e utilizar esses recursos para pagar parte dos compromissos em 2017, 2018 e 2019.

Além disso, a Cemig quer negociar com os bancos com quem tEm débitos para ganhar três anos de carência e cinco anos de prazo para os pagamentos.

Com isso, a empresa jogaria boa parte dos vencimentos para a partir de 2020, com grande concentração das dívidas em 2024.


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