Folha de S. Paulo


Presidente da Siemens diz que crise política tem represado investimentos

A crise política enfrentada pelo país tem afugentado investidores, afirma o presidente da alemã Siemens no Brasil, Paulo Ricardo Stark.

"Há muito investimento esperando esclarecimentos da crise [política] ou até mesmo 2018 para ocorrer", afirmou nesta terça (30) no Fórum de Investimentos Brasil 2017, realizado em São Paulo.

A delação do empresário Joesley Batista, que gravou conversa com o presidente Michel Temer, jogou o governo do peemedebista numa crise e lançou dúvidas sobre sua permanência no poder até o fim de seu mandato.

Para o executivo, a solução tem de ser célere para não prejudicar a retomada da economia.

"Quanto mais rápido se conseguir estabilidade política, melhor para o país e para investidores que dependem disso para tomar decisões", disse.

Já o presidente da Anglo American no Brasil, Ruben Fernandes, minimizou o impacto da crise em Brasília na estratégia de empresas.

Segundo ele, instabilidade momentânea não afeta o planejamento. A qualidade da infraestrutura nos país, por exemplo, tem mais influência, disse. "A logística pesa mais do que a situação específica política e econômica", afirmou.

Por isso, a Anglo American vê com bons olhos as reformas, que fazem a mineração brasileira mais competitiva, disse Fernandes.

Para o presidente da Fiat Chrysler na América Latina, Stefan Ketter, o pior da crise brasileira ficou para trás e a economia agora está no rumo do crescimento.

"O vale passou. Certamente vamos à recuperação", afirmou.

Mais cedo, na abertura do evento, Temer tentou reforçar que o governo continua comprometido com as reformas propostas, como a trabalhista e a previdenciária, mesmo em meio à crise política que se instaurou desde que foi divulgada sua conversa com Joesley Batista, da JBS.

Eduardo Knapp/Folhapress
Sao Paulo, SP, BRASIL, 30-05-2017: Presidente Michel Temer (PMDB) passa ao lado do prefeito Joao Doria (PSDB) na abertura do Forum de Investimentos Brasil 2017 no Hotel Grand Hyatt, em Sao Paulo (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, PODER).
O presidente Michel Temer fala durante abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo

"O senhores encontram aqui uma economia que se recupera e se moderniza. Encontram um governo determinado a completar reformas que estão abrindo oportunidades a todos", disse.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reiterou por sua vez o compromisso com a manutenção das reformas e negou que exista a possibilidade de uma retomada da política econômica da ex-presidente Dilma Rousseff.

Meirelles disse não ver atualmente "em qualquer possibilidade, clima para uma volta atrás". Ele também participou do fórum em São Paulo nesta terça.

"Não vemos hoje no país condições ou pessoas que tenham de fato possibilidade de influenciar o destino do país num futuro próximo que estejam propondo reversão dessas políticas. Não vejo aqui uma iminência de que vamos voltar à nova matriz econômica, que trouxe o Brasil a essa crise", afirmou o ministro, sem mencionar diretamente a ex-presidente.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que a reforma trabalhista será aprovada ainda nesta semana no Senado. A pressa em avançar a proposta tem o objetivo de mostrar que o governo preserva sua força no Congresso, apresar da crise política que enfrenta.

O plano, contudo, já foi abandonado. Segundo o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, o Planalto concordou com um acordo costurado entre líderes na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para votar a reforma trabalhista no colegiado apenas na próxima terça-feira (6).


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