Folha de S. Paulo


Dólar sobe e Bolsa cai 0,5% em dia de volume fraco por feriado nos EUA

Stan Honda/AFP
Feriado nos Estados Unidos diminuiu o número de negócios na Bolsa brasileira
Feriado nos Estados Unidos diminuiu o número de negócios na Bolsa brasileira

O feriado de Memorial Day nos Estados Unidos reduziu o volume de negócios nos mercados de dólar e Bolsa nesta segunda-feira (29) e deixou os investidores brasileiros com atenções voltadas ao cenário doméstico, ainda nebuloso devido à crise política que afeta o país.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa brasileira, recuou 0,51%, para 63.760 pontos. O volume financeiro negociado no dia foi de R$ 3,7 bilhões, menos da metade da média diária do ano, que é de R$ 8,4 bilhões.

No mercado cambial, o dólar comercial avançou 0,12%, para R$ 3,270. O dólar à vista teve alta de 0,03%, para R$ 3,268.

O volume fraco no pregão desta segunda-feira deixou os investidores sem referências e fez com que se voltassem para o cenário político e para as incertezas em torno do governo do presidente Michel Temer.

O mercado vinha apostando em uma saída para a crise política via TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que começa a julgar na próxima terça-feira (6) a chapa Dilma-Temer. A avaliação era que o presidente não tinha mais apoio para aprovar a reforma da Previdência.

Para Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, Temer dá sinais de que tentará ganhar tempo no TSE, pedindo mais prazo no processo.

A troca do ministro da Justiça —Torquato Jardim assumirá a pasta, substituindo Osmar Serraglio, que será novo ministro da Transparência— é vista como um indício de que Temer tentará melhorar a interlocução com o TSE e com o STF (Supremo Tribunal Federal), responsável por conduzir o inquérito contra o peemedebista.

Com isso, o mercado passa a monitorar o que acontecerá com as reformas em um cenário em que Temer se mantenha mais tempo no poder.

Nesta segunda-feira, uma alternativa ao impasse passou a ser vislumbrada pelos investidores, com a possibilidade de parte das medidas propostas possa ser aprovada por legislação ordinária (medida provisória, por exemplo), diminuindo as dificuldades políticas para aprová-las.

"É uma forma de o governo tentar conter o crescimento das despesas com Previdência. Se isso acontecer, o mercado verá a possibilidade com bons olhos", avalia Alessie, da H.Commcor.

No mercado cambial, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias e vendeu 8.000 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, o BC já rolou US$ 4 bilhões dos US$ 4,435 bilhões que vencem em junho.

AÇÕES

As ações da JBS, no olho do furacão após as delações dos empresários Wesley e Joesley Batista abalarem o governo Temer, fecharam o dia em leve baixa de 0,13%, após sustentarem alta a maior parte do dia.

Os papéis mais negociados da Petrobras fecharam em baixa de 0,80%, para R$ 13,57. As ações com direito a voto recuaram 1,31%, para R$ 14,36. A queda ocorreu apesar da alta dos preços do petróleo no exterior.

As ações de bancos também caíram nesta sessão. Os papéis do Itaú Unibanco recuaram 0,50%. As ações preferenciais do Bradesco se desvalorizaram 1% e as ordinárias tiveram baixa de 1,13%.

Os papéis do Banco do Brasil perderam 0,69%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil perderam 0,62%.

Na ponta contrária, as ações da mineradora Vale subiram, acompanhando a alta de 1,02% dos preços do minério de ferro no exterior. Os papéis mais negociados da Vale avançaram 1,14%, para R$ 26,63. As ações com direito a voto subiram 0,72%, para R$ 28,06.

As ações de exportadoras também se destacaram nesta sessão. Os papéis da Fibria tiveram a maior alta do Ibovespa, com avanço de 3,64%. As ações da Suzano subiram 2,01%, e as da Klabin avançaram 0,58%.

Papéis de siderúrgicas fecharam o dia em alta. As ações da CSN subiram 3,01%, e as da Gerdau tiveram alta de 2,72%.

JUROS

Em semana de definição de taxa Selic pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), os contratos de juros futuros encerraram o dia em baixa. O contrato com vencimento em julho recuou de 10,335% para 10,295%.

O contrato com vencimento em janeiro de 2018 passou de 9,340% para 9,265%.

A maioria dos analistas consultados pela agência internacional Bloomberg estimam uma queda de 1 ponto percentual, para 10,25%, o que significaria que o Banco Central manteria o ritmo de queda de juros.

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote do Brasil, recuou 0,22%, para 238,1 pontos.


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