A BRF avalia entrar na Justiça para obter reparação por eventuais prejuízos causados pela JBS, após Joesley Batista admitir em delação premiada ter pago propina a dois ex-conselheiros da rival.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, Joesley disse ter pago propina a Luis Carlos Afonso e Carlos Fernando Costa. Os dois presidiram a Petros, fundo de pensão de funcionários da Petrobras, sendo indicados por ela para o conselho da BRF -mandato que exerceram até abril de 2015.
Segundo o delator, Afonso chegou a receber um apartamento em Nova York no valor de US$ 1,5 milhão. A Petros é um dos fundos de pensão que teria sofrido interferência dos donos da JBS, segundo delação de Joesley.
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A Petros informou que repudia o uso da posição na fundação para a obtenção de vantagens pessoais. A reportagem não conseguiu localizar Afonso e Costa.
Diante das denúncias, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) enviou um pedido de esclarecimentos à BRF, questionando o porquê da empresa não ter comunicado ao mercado a ligação entre dois ex-conselheiros e a concorrente JBS.
Em resposta divulgada nesta terça (23), a BRF afirma ter tomado conhecimento das denúncias por meio da imprensa, as quais recebeu "com estupefação".
A empresa diz que as propinas pagas por Joesley aos ex-presidentes da Petros "podem ter impactos nas esferas penal, cível, concorrencial e regulatória", o que daria motivos para o "ajuizamento de medidas judiciais e/ou administrativas de distintas naturezas contra os indivíduos e as empresas envolvidas".
RIVAIS DA CARNE - Dados da BRF e JBS em 2016
A BRF afirma ainda desconhecer a relação dos ex-conselheiros de administração com a JBS e pede à CVM que apure "potencial conflito de interesses, violação de sigilo e uso indevido de informações privilegiadas".
A empresa também pediu à autarquia para cobrar esclarecimentos da Petros, que teria indicado, além de Afonso e Costa, Ademir Bendine, também citado nas delações.
A BRF pede ainda que o próprio Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, seja questionado pela CVM sobre sua relação com Joesley e o "potencial conflito de interesses, violação de sigilo e uso indevido de informações privilegiadas" durante seu mandato.