Folha de S. Paulo


Centrais sindicais pedem eleições diretas e criticam reformas

Centrais sindicais divulgaram nota conjunta pedindo apuração rigorosa e e eleições diretas para garantir uma solução democrática para o impasse criado pelas delações envolvendo o presidente Michel Temer.

O presidente foi gravado por Joesley Batista, um dos sócios do frigorífico JBS, em ação conjunta da PF com a Procuradoria. As conversas sugerem seu aval a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB).

O texto das centrais defende a realização, no mais curto espaço de tempo exigido pela Constituição, eleições gerais e democráticas.

A nota é assinada por seis centrais: CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), CTB (Central dos Trabalhadores Brasileiros), Força Sindical e UGT (União Geral dos Trabalhadores) e NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores).

Nela, as organizações exigem o estrito cumprimento do rito constitucional e a revalorização do estado de direito como a via para a devida apuração destas e das demais denúncias e acusações.

As centrais também aproveitaram para criticar as reformas trabalhista e previdenciária do governo, em discussão na Câmara e no senado. Elas exigem sua retirada imediata da pauta para que o debate aconteça de forma ampla, envolvendo representações de trabalhadores e sociedade.

Segundo a nota, o esgarçamento das instituições republicanas indica a falta de legitimidade política e social do governo para,querer jogar sobre as costas dos trabalhadores e da parcela mais humilde da sociedade o custo do ajuste econômico representado pelas propostas.

REFORMA POLÍTICA

Em outro texto, divulgado pela UGT, trabalhadores reiteraram a exigência de eleições diretas e também cobraram a realização de uma reforma política.

"Só uma nova ordem política é capaz de resgatar a confiança do povo brasileiro diante do mar de lama que tomou conta da classe política brasileira", afirma a central sindical.

segundo a UGT, o atual modelo político favorece a realização de ações ilícitas, desvio de recursos públicos e favorecimento de uma pequena elite política e empresarial. Esses atos estão sendo desvendadas por meio da Operação Lava Jato, diz a central.

Mais cedo, Vagner Freitas, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), havia se posicionado contra eleições indiretas no caso da saída do presidente.

"O Brasil precisa decidir se quer continuar ou sair da crise", afirmou.

De acordo com ele, caso o Congresso não acate a emenda pelas "Diretas, já", haverá um "movimento imediato pelo 'Fora, Rodrigo'", referindo-se ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Os políticos precisam deixar o povo brasileiro definir seu futuro. A eleição indireta nos deixará nas mãos do mesmo grupo político."

As centrais informam que, no dia 24 de maio, estarão em Brasília, com a Marcha Nacional dos Trabalhadores, contra as reformas em discussão e exigindo solução democrática para o impasse político.


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