Folha de S. Paulo


Governo federal prevê crescimento de 0,8% no 1º trimestre

A equipe econômica do presidente Michel Temer calcula que a economia brasileira cresceu 0,8% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior, e avalia a possibilidade de rever a projeção oficial para o crescimento deste ano, atualmente de 0,5%.

Na avaliação dos economistas do governo, melhoras na safra agrícola e nas vendas do varejo, impulsionadas pelos saques nas contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), injetaram ânimo na economia.

Os números do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre serão divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em junho. Se a previsão dos economistas do governo se confirmar, será o primeiro trimestre positivo desde o início da atual recessão, em 2014.

Nesta quarta (3), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que poderá revisar para cima a previsão de crescimento para 2017.

"O Brasil já está crescendo a um ritmo [anualizado] de 3% no primeiro trimestre. Deve cair um pouco no segundo trimestre, e voltar a se recuperar no segundo semestre."

Segundo ele, "há um viés de alta" na projeção oficial. Mudanças metodológicas feitas pelo IBGE, que ainda estão sendo estudadas no governo, poderão influir no resultado, porque provocaram uma revisão para cima dos dados do comércio e dos serviços.

Em conversas com representantes do setor privado, o ministro da Fazenda tem dito que o país saiu da recessão e aponta dados recentes para comprovar sua tese —o licenciamento de automóveis cresceu 24%, o transporte de carga nas estradas, 12%, a produção de papelão para embalagens, 11%, e o consumo de energia aumentou 12%.

Entre os números apresentados por Meirelles também estão lucros exibidos nos balanços mais recentes pela mineradora Vale, pelo grupo Pão de Açúcar, pela Natura, pelo Bradesco e pelo Santander.

PREVIDÊNCIA

Apesar da expectativa otimista, Meirelles segue apreensivo com o andamento da reforma da Previdência.

Em conversas reservadas, o ministro diz que o governo cedeu "até onde podia" para viabilizar a aprovação da proposta no Congresso, e que novas concessões seriam mal vistas no mercado financeiro.

Segundo o ministro, não há mais o que a Fazenda possa fazer e cabe à ala da política do governo trabalhar para assegurar os 308 votos necessários para aprovar a reforma no plenário da Câmara.

O núcleo político do governo, com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) à frente, já fez chegar à Fazenda a avaliação de que, diante da dificuldade para alcançar os 308 votos, a votação do projeto no plenário deve ficar para junho.


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