Folha de S. Paulo


Bolsa sobe 1,1% e dólar recua para R$ 3,17 com impacto limitado da greve

Os mercados de câmbio e Bolsa sentiram pouco impacto da greve geral que paralisou parte do país nesta sexta-feira (28). Na avaliação de analistas, os atos não tiveram força para prejudicar as negociações do governo para a aprovação da reforma da Previdência.

O dólar, que chegou a subir pela manhã por causa da disputa pela taxa ptax —que referencia contratos cambiais—, voltou para a casa de R$ 3,17.

A Bolsa fechou em alta de mais de 1%, enquanto o CDS (credit default swap) —espécie de seguro contra calote e um dos termômetros da percepção de risco do país— recuou 1,07%, para 217,7 pontos.

A greve geral convocada para esta sexta-feira contra as reformas da Previdência e trabalhista provocou transtornos em diferentes cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, houve confrontos entre manifestantes e policiais no centro da cidade.

Apesar do tom de cautela, analistas viram impacto limitado sobre os esforços do governo para aprovar a agenda de reformas. "Não dá para menosprezar as manifestações, mas vimos baixa adesão popular até o momento, então não consideramos algo tão preocupante", afirma Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.

"A tarefa do governo para aprovar as reformas não ficou mais difícil. Adotamos uma linha mais moderada. Não vimos um risco aumentando hoje especialmente", diz.

No mercado cambial, o dólar comercial encerrou o dia em baixa de 0,25%, para R$ 3,175. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,33%, para R$ 3,185. No mês, a valorização da moeda americana foi de 1,4% e de 1,8%, respectivamente.

Para Crespo, o próximo mês deve ter mais instabilidade, com os primeiros passos para aprovação da reforma da Previdência. "Isso pode se mostrar mais desafiador. É difícil acreditar que a batalha está sendo ganha. Se até o final de maio a reforma não tiver sido aprovada no plenário, já passa para os investidores uma mensagem de que as negociações estão mais difíceis", afirma.

"Mas se a Previdência tiver sido votada na Câmara, será uma rodada mais positiva para mercados. No médio prazo, ainda temos uma visão bastante positiva nos mercados locais", diz.

BOLSA

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou em alta de 1,12%, para 65.403 pontos. Foi a segunda semana seguida de alta da Bolsa brasileira. No mês, o avanço foi de 0,65%.

O volume de negócios somou R$ 7,85 bilhões, pouco abaixo da média diária do ano, que é de R$ 8,06 bilhões. Segundo operadores, o feriado de segunda-feira (1º de maio) fez com que alguns investidores antecipassem suas movimentações de compra e venda para esta sexta.

A alta foi ajudada pela recuperação dos mercados de commodities nesta sexta. Os preços do petróleo subiram, impulsionando as ações da Petrobras na sessão.

Os papéis mais negociados da estatal subiram 1,75%, para R$ 13,97. As ações com direito a voto tiveram alta de 1,13%, para R$ 14,36.

Os preços do minério de ferro avançaram 3,58% e contribuíram para a alta das ações da mineradora Vale. As ações mais negociadas subiram 2,58%, para R$ 26,26. As ações com direito a voto tiveram alta de 2,39%, para R$ 27,47.

"O destaque do dia foram as empresas ligadas ao setor de commodities, que acabaram puxando as Bolsas de emergentes, e o Brasil acompanhou seus pares", afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

"O fechamento dessa semana comprova que o mercado está mirando 70 mil pontos. Há um otimismo com a aprovação da reforma da Previdência, mesmo que com algumas mudanças. Além disso, a queda da taxa de juros do país atrai mais recursos para o mercado de renda variável", destaca.

Os papéis de bancos fecharam o dia com sinais mistos. As ações do Itaú Unibanco subiram 0,64%, na quinta alta seguida. O banco divulga seus resultados do primeiro trimestre na próxima quarta-feira.

Os papéis preferenciais do Bradesco caíram 0,24%, e os ordinários se desvalorizaram 0,61%. As ações do Banco do Brasil subiram 0,89%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil avançaram 2,5%.


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