Folha de S. Paulo


Tecnologia de start-ups orienta decisão de gigantes sobre consumo de energia

Wesley Santos/Folhapress
Parque Eólico de Osório, no Rio Grande do Sul
Parque Eólico de Osório, no Rio Grande do Sul

As pequenas empresas nacionais estão ganhando espaço no mercado ao oferecerem alta tecnologia para melhorar o desempenho de gigantes do setor.

A start-up pernambucana Teslabit quer colocar na mão dos gestores informações menos técnicas e mais estratégicas sobre o consumo de energia de seus negócios.

"O Brasil desperdiça 440 bilhões de megawatts por ano, segundo a Abesco (associação de empresas de conservação de energia). A nossa ideia foi empoderar as empresas para que elas façam um gerenciamento em tempo real da sua eficiência energética", diz Rodrigo Paiva, cofundador da Teslabit.

O serviço funciona assim: um hardware na empresa coleta as informações de consumo daquele ponto. Os dados são enviados para a nuvem e, por um aplicativo, o cliente pode saber quanto está consumindo, conciliar valores com as companhias de energia e estabelecer metas, por exemplo. Cada ponto monitorado custa um salário mínimo (R$ 937 em 2017).

Eles estão de olho

A aplicação de tecnologias sofisticadas a partir de pequenas empresas é uma tendência de diversos setores, aponta Fernando Rochinha, diretor de tecnologia e inovações da Coppe/UFRJ.

"O universo da alta tecnologia é complexo e exige saberes distintos. Ter isso em uma empresa grande é possível, porém mais difícil, porque as estruturas se enrijecem com o tempo. Pequenas empresas conseguem ter estruturas mais flexíveis", diz.

De olho nos ventos, a Delfos Intelligent Maintenance desenvolve ferramentas para prever falhas em equipamentos de geração eólica.

A ferramenta colhe dados do sistema supervisório do aerogerador, como velocidade dos ventos e temperatura -geralmente, usados apenas para emitir alertas de desconformidade-, e, com algoritmos e inteligência artificial, cria padrões e entende como funciona o equipamento.

Eles estão de olho

O monitoramento permite aumentar a performance dos parques eólicos. O resultado é um ganho de produção em torno de 4%, segundo Adão Muniz, sócio da Delfos. Outra consequência seria a de estender a vida útil dos equipamentos e reduzir os gastos com manutenção.

O projeto já rendeu € 50 mil à start-up, que conquistou o prêmio EDP Open Innovation de 2016, da Energias de Portugal. A empresa ainda está em fase de implementação, mas já trabalha com 500 megawatts analisados. A meta é chegar até o fim do ano com um a dois gigawatts.


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