Folha de S. Paulo


Reforma da Previdência pode mudar no Senado, diz presidente da Casa

Após participar de uma série de reuniões para buscar acordo no texto da reforma da Previdência, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), admitiu nesta terça-feira (18) que os senadores poderão alterar pontos da proposta.

"Cheguei a dizer para a Câmara que os deputados poderiam votas essa matéria, porque o Senado já tinha entendimento de que obviamente vai fazer alguns ajustes, não ajustes radicas, mas ia fazer alguns. Que a Câmara poderia votar essa matéria com tranquilidade que o Senado não iria fazer nenhuma bravata de rejeição dessa matéria", afirmou o peemedebista.

A declaração de Eunício ocorre em meio à insatisfação de senadores da base aliada com pontos do documento apresentado nesta terça-feira (18) pelo deputado federal Arthur Maia (PPS-BA), relator da proposta na Câmara.

Reforma da Previdência
As mudanças propostas na aposentadoria

Em reunião com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto, eles reivindicaram que o relator equipare em 60 anos a idade mínima entre os trabalhadores do campo que contribuem e os que não contribuem com a Previdência Social.

Pelas novas regras, os que não contribuem e têm baixa renda se aposentariam pelas regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada), aos 68 anos.

Eles também defenderam uma maior diferenciação na idade mínima para a aposentadoria de mulheres que trabalham no campo e que trabalham na cidade. Pelas mudanças apresentadas, as da cidade se aposentariam aos 62 anos e as do campo, aos 60 anos.

Em resposta, o relator disse que irá analisar os dois pleitos com a equipe econômica para avaliar alterações no texto final, que será apresentado na comissão especial nesta quarta-feira (19).

O Palácio do Planalto receia que ocorram mudanças no Senado que obriguem o texto a retornar para a Câmara, o que poderia pressionar o governo a fazer ainda mais flexibilizações para aprovar a iniciativa.

O texto da reforma só seguirá para o Senado caso os deputados avalizarem a proposta. Irá direto para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), presidida por Edison Lobão (PMDB-MA).

RENAN

Na tentativa de blindar a proposta do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente quer emplacar na relatoria da iniciativa um nome de confiança do Palácio do Planalto.

A ideia é que o relator seja alguém próximo ao presidente Michel Temer e que, ao mesmo tempo, tenha influência na bancada peemedebista, impedindo que Renan conquiste mais apoios no partido contra a iniciativa.

O nome de preferência do Planalto, o mais lembrado por assessores e auxiliares presidenciais, é o da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que tem participado desde o início do debate técnico da reforma previdenciária.

Em movimento oposto, Renan tem tentado emplacar o senador Roberto Requião (PMDB-PR), crítico à proposta, para a relatoria.

Pelos cálculos feitos pelo Palácio do Planalto, só na bancada peemedebista, Renan já tem influência sobre quatro senadores: Roberto Requião (PR), Katia Abreu (TO), Hélio José (DF) e Eduardo Braga (AM).

É prerrogativa de quem preside qualquer dos colegiados do Senado a escolha do relator das propostas. Nesse caso, Lobão poderia escolher entre qualquer um dos 27 titulares da comissão

Lobão é um dos senadores do que se conhece como "grupo Sarney", que sofre forte influência do ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AC). O também ex-presidente da Casa Renan Calheiros (PMDB-AL) é também bastante próximo a esse grupo.


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