Folha de S. Paulo


Inflação desacelera em março e se aproxima da meta para 12 meses

Com queda nos serviços de transportes e comunicação, a inflação desacelerou em março e fechou o mês em 0,25%, 0,08 ponto percentual abaixo da registrada em fevereiro, informou nesta sexta (7) o IBGE. Foi o menor valor para março desde 2012.

Em fevereiro, o IPCA havia apresentado alta de 0,33% e, em março de 2016, de 0,43%.

A principal influência de alta foi o preço da energia elétrica, que passou a embutir a bandeira amarela para custear térmicas em março e subiu 4,43%, com impacto de 0,15 ponto percentual no indicador.

Inflação - Variação do IPCA, em %

No acumulado de 12 meses, o índice oficial do governo avançou 4,57%, bem próximo ao centro da meta, de 4,5%. Foi a menor taxa em 12 meses desde agosto de 2010.

No primeiro trimestre, o indicador acumula alta de 0,96%, inferior aos 2,62% do ano anterior. Foi o menor primeiro trimestre do Plano Real.

"O primeiro trimestre de 2016 havia apresentado taxas muito altas, principalmente sob influência dos alimentos. Com a retirada desses elementos, o que a gente vê é a inflação em 2017 indo ladeira abaixo", disse a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

Ela lembra que, pelo segundo mês consecutivo, a inflação em 12 meses ficou na casa dos 4%. "Significa que o Brasil está entrando em patamares mais baixos de inflação", comentou a economista.

Inflação - Variação por grupo

Os resultados de março sofreram impacto da queda no preço da gasolina, que foi reduzido pela Petrobras duas vezes neste ano e ficou 2,21% mais barato nas bombas em março, segundo o instituto. O etanol também apresentou queda, de 5,10%.

Passagens aéreas continuaram em queda (-9,63%), embora em ritmo menor do que no mês anterior. Assim, o grupo transportes teve queda de 0,86% no mês, contra alta de 0,24% em fevereiro.

Juntos, gasolina, etanol e passagens tiveram uma contribuição negativa de 0,18 ponto percentual no IPCA de março.

O telefone fixo foi outra contribuição negativa para o índice, com queda de 2,24% no mês, contribuindo para a queda de 0,63% no grupo Comunicações.

O grupo de vestuário também teve queda, de 0,12%, no mês —foi a segunda vez consecutiva. "Significa que as pessoas não estão comprando", disse a coordenadora do IBGE.

Já os alimentos, que seguraram a inflação em fevereiro, voltaram a apresentar alta, de 0,34%. De acordo com Souza, já há um impacto da Páscoa, que provoca alta nas vendas de ovos, cujos preços subiram 5,86%, batata-inglesa (5,08%) e pescado (3,43%).

Além disso, o início da entressafra no leite levou a um aumento de preços de 2,60%.

Inflação nas regiões - Em %

Para abril, diz Souza, a inflação deve ser beneficiada pela redução temporária nas tarifas de energia, para devolver ao consumidor recursos arrecadados de forma incorreta em 2016 para o pagamento de energia de Angra 3.

A energia elétrica tem um peso de 3,33% na composição do IPCA e, se a queda ficar em 10%, o impacto negativo seria de 0,33 ponto percentual.

Por outro lado, há perspectivas de pressões altistas de reajustes nas tarifas de água e esgoto em Recife e Curitiba e nas passagens de ônibus em Porto Alegre, Recife, Campo Grande, e de metrô no Rio.

Considerando que abril de 2016 teve inflação de 0,61%, índice superior aos registrados nos últimos meses, Souza diz que é "mais ou menos óbvio" supor que, neste mês, o IPCA acumulado em 12 meses fique abaixo dos 4,5%.


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