Folha de S. Paulo


Contas do governo tiveram pior deficit para fevereiro da série histórica

As contas do governo federal tiveram um deficit primário (receitas menos despesas antes do pagamento de juros) de R$ 26,2 bilhões no mês passado, um crescimento real (descontada a inflação do período) de 0,3% na comparação com fevereiro de 2016. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Tesouro Nacional.

É o pior resultado para o mês de fevereiro desde o início da série histórica, iniciada em 1997.

Segundo a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, o resultado negativo é típico dos meses de fevereiro, e que a perspectiva é que haja melhora nos números de março.

"Em fevereiro há um acúmulo de transferências que foram acumuladas no mês anterior, como as contribuições financeiras do petróleo, que precisaram ser transferidas a Estados e municípios", disse Vescovi.

A Previdência teve um deficit de R$ 13,5 bilhões no mês passado, um crescimento de 26% na comparação com fevereiro de 2016. Enquanto isso, o resultado negativo do Tesouro Nacional somado com o do Banco Central foi de R$ 12,7 bilhões, um resultado 17,7% menor do que o do ano passado.

As receitas líquidas somaram R$ 69,1 bilhões em fevereiro, uma queda de 2,2% em relação ao mesmo mês de 2016. Já as despesas totalizaram R$ 95,4 bilhões, o que representou uma redução de 1,5% na comparação com o mesmo período de 2016.

O Tesouro destacou que as despesas discricionárias (não obrigatórias) da União caíram de R$ 20,6 bilhões, em fevereiro do ano passado, para R$ 18,4 bilhões no mês passado, um recuo de 10,9%.

A rubrica "outras despesas obrigatórias" também registrou queda, de R$ 15,8 bilhões em fevereiro de 2016 para R$ 13,1 bilhões no mês passado, uma redução de 17,3%.

O Tesouro ainda informou que o pagamento de investimentos no mês passado totalizou R$ 1,77 bilhão, uma redução de 58,8% na comparação com fevereiro de 2016.

"INEVITÁVEL"

Ao comentar o contingenciamento ou bloqueio de recursos anunciado nesta quarta (29) pelo Ministério do Planejamento, de R$ 42,1 bilhões para que a meta de um deficit de R$ 139 bilhões seja atingida, Vescovi admitiu que o congelamento de gastos "é duro".

"O contingenciamento é duro, é verdade. Mas é uma meta necessária. É importante que cada órgão se debruce para planejar novos limites", disse, ao ser questionada se a meta de um resultado primário negativo de R$ 139 bilhões não seria muito ambiciosa.

"O esforço é inevitável. Há necessariamente neste ano um esforço do lado da contenção de gastos do governo, que é inexorável, inevitável, pra que possamos cumprir a meta e sinalizar um rumo de consolidação fiscal e reequilíbrio das contas públicas".

Nesta quinta, será publicado um decreto de programação financeira em uma edição extra do Diário Oficial da União.

"É importante dizer que o esforço do governo neste ano será muito forte. Todos os ministérios, todos os órgãos precisam se organizar e se preparar para essa realidade de restrição de recursos, essa crise severa que observamos".

Ela frisou que, com o contingenciamento, as despesas não obrigatórias irão voltar ao patamar de 2012 em termos reais (descontada a inflação), segundo cálculos do Tesouro.

TETO DE GASTOS

O órgão divulgou também nesta quinta o acompanhamento do novo regime fiscal —a PEC do Teto, aprovada no ano passado, determina que neste ano as despesas cresçam no limite de 7,2% na comparação com 2016.

Segundo o levantamento do Tesouro, as despesas apuradas entre janeiro e fevereiro se mantiveram estáveis na comparação com o mesmo mês de 2016. No primeiro bimestre, ocorreram 14,5% das despesas que poderão ser realizadas no ano.


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