Folha de S. Paulo


Governo vai avaliar revisão da meta de inflação de 2018, diz Meirelles

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira (30) que o governo vai revisar, em junho, a meta de inflação de 2018 "para saber se justificaria alguma mudança", além de definir a meta para 2019.

"Estamos aguardando dados de inflação, a evolução das expectativas e temos algum tempo até junho para tomarmos decisão", afirmou o ministro, antes de participar de audiência pública na comissão da Câmara que discute a reforma da Previdência.

A coluna "Painel", da Folha, antecipou nesta quinta que Meirelles estuda propor a redução da meta oficial de inflação de 4,5% para 4,25% em 2018 e fixá-la em 4% em 2019. Para este ano, a meta de inflação é de 4,5%.

Depois de o governo ter anunciado a reoneração da folha de pagamento de cerca de 50 setores, Meirelles disse que as desonerações promovidas nos últimos anos não levaram a uma recuperação da economia.

"Pelo contrário, a economia entrou numa recessão muito séria, inclusive por incertezas de ordem fiscal", disse.

Além da reoneração, o governo anunciou ainda um bloqueio de R$ 42,1 bilhões de despesas previstas no Orçamento para cumprir a meta de chegar ao fim do ano com um deficit de R$ 139 bilhões.

Meirelles reafirmou que a "prioridade absoluta" do governo é retomar o equilíbrio fiscal e cumprir a meta de resultado primário.

"O corte das despesas públicas é muito forte, muito pesado, e mostra disposição que temos de, de fato, controlar as despesas e não fazer aumento generalizado de tributos para que o contribuinte não pague a conta", disse.

"A conta será paga, seja pela própria máquina pública, que está tendo corte profundo, e também por segmentos empresariais que não mostraram o resultado necessário, esperado, com a desoneração."

'MUDANÇA RESIDUAL'

Durante divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, afirmou que a possibilidade de a meta de inflação para 2018 ser alterada é "residual" e "desprezível".

"O CMN se reúne em meados do ano para definir a meta de inflação de dois anos para a frente. A decisão do conselho é para 2019, a possibilidade de qualquer outra mudança é residual", declarou.

De acordo com ele, as normas permitem uma mudança já para o próximo ano. "Isso está nas regras, o CMN pode se reunir e tomar essa decisão. Mas o entendimento é que na conjuntura atual a possibilidade de revisão para 2018 é desprezível."

Colaborou MAELI PRADO, de Brasília


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