Folha de S. Paulo


Fim de desonerações afeta maiores e vai gerar cortes, diz indústria

Setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento reclamam que o fim da política vai aumentar os custos das empresas em meio à recessão e gerar cortes de vagas.

O impacto será maior sobre companhias com muitos empregados ou que pagam altos salários. Nesses casos, a tributação de 1% a 4,5% sobre o faturamento é mais vantajosa do que pagar 20% sobre a folha.

"O trabalhador de tecnologia da informação está entre os de melhor remuneração. O fim da desoneração vai gerar uma contração econômica violenta no setor", diz Sérgio Gallindo, presidente executivo da Brasscom (associação das empresas de TI).

Alguns dos setores que perderam o benefício - Fatia do valor total das desonerações, em %*

No setor têxtil, o impacto será maior sobre as indústrias de grande porte exportadoras, diz Fernando Pimentel, presidente da Abit, entidade que representa o ramo.

"A contribuição sobre o faturamento não incide sobre a parcela exportada. Essas empresas perderão competitividade em um momento em que o câmbio está desfavorável", diz. O setor de calçados faz avaliação semelhante.

No caso da indústria elétrica e eletrônica, a medida deve afetar fabricantes de grandes equipamentos, e não de bens de consumo como celulares, diz Humberto Barbato, presidente da Abinee, associação das empresas do setor.

Empresas cuja folha é reduzida diante do faturamento já se "reoneraram" por conta própria. Dados da Receita Federal mostram que o número de optantes pela desoneração da folha diminuiu 45% entre 2015 e 2016.

Para Vanessa Canado, professora da FGV especialista em direito tributário, faltam estudos que mostrem o resultado da política de impostos. "A desoneração foi criada para gerar empregos. Se ela não estiver mais gerando, não faz sentido continuar."

Setores que permanecem - Fatia do valor total das desonerações, em %*

FIESP

Em nota, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse que o "bom senso prevaleceu" na decisão do governo de não criar ou aumentar impostos para tentar assegurar o cumprimento da meta fiscal deste ano.

"Felizmente, houve sensibilidade por parte do governo, em especial, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles", disse Skaf.

Nos últimos dias, a entidade industrial havia publicado anúncios em que criticava a sinalização de Meirelles de que haveria alta de tributos.

OUTRAS MEDIDAS - Bloqueio de despesas, em R$ bi


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