Folha de S. Paulo


China reabre mercado para carne brasileira, diz Planalto

Ueslei Marcelino/Reuters
Blairo Maggi diz que apenas as unidades que o Brasil suspendeu não poderão vender ao país asiático

A China reabriu o mercado para as importações de carne brasileira, informou neste sábado (25) o Palácio do Planalto, após uma intensa mobilização para a retomada dos desembaraços aduaneiros no país.

"A decisão do governo da China de reabrir o seu mercado à proteína animal produzida no Brasil é o reconhecimento da confiabilidade de nosso sistema de defesa agropecuária. Nosso país construiu grande reputação internacional neste segmento. E o posicionamento chinês é a confirmação de todo trabalho de esclarecimento levado a termo pelo governo brasileiro nestes últimos dias em todos os continentes", afirmou o presidente Michel Temer, por meio de nota.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse à Folha que a mudança de posicionamento por parte da China é resultado de um esforço do governo ao longo da semana, quando passou horas em videoconferência com vários países para tentar minimizar o impacto da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.

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"Inicialmente, as notícias veiculadas eram muito ruins. Enquanto a investigação era sobre desvio de pessoas, acabou sendo dado um enfoque na qualidade do produto, colocando em xeque nosso sistema veterinário de proteção", afirmou o ministro.

Segundo o ministro, apenas as unidades que o próprio Brasil suspendeu não poderão vender ao parceiro asiático, que foi no ano passado o segundo maior mercado de exportação para a carne brasileira, atrás da União Europeia, com compras que somaram US$ 1,75 bilhão.

Além disso, a China também bloqueará e recolherá os produtos cujos certificados foram assinados por técnicos investigados na Operação Carne Fraca.

Na sexta (24), o ministério divulgara lista de países que impuseram restrições à carne exportada pelo Brasil. A relação traz Hong Kong e 12 países, incluindo a China, que suspenderam de forma temporária ou preventiva as importações do Brasil: Chile, Argélia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Panamá, Qatar, México, Bahamas, São Vicente e Granadinas, Granada e São Cristóvão e Névis. Outros nove países adotaram algum tipo de restrição ao produto brasileiro.

REAÇÃO

Para Blairo Maggi, a reação destes países é normal. "É um pré-requisito do país embargar qualquer alimento que coloque em risco a saúde. Na posição contrária, o Brasil tomaria a mesma posição", afirmou o ministro.

Maggi disse que prosseguirá em conversas com os demais países e disse que Temer deverá ligar para o líder chinês, Xi Jinping, nos próximos dias para agradecer a liberação da carne brasileira, o que fez neste sábado por nota.

"Agradecemos o gesto do governo do presidente Xi Jinping. Temos uma parceria que gerou muitos frutos e, com certeza, muitos ganhos ainda teremos com a sólida relação bilateral entre nossas nações. Estamos plenamente confiantes que outros países seguirão o exemplo da China", afirmou Michel Temer no comunicado à imprensa.

A China havia divulgado a suspensão temporária das importações de carne do Brasil na segunda-feira (20), após as denúncias da Polícia Federal sobre supostas propinas pagas para venda de produtos sem inspeção.

"Vamos ter agora, o governo, eu como ministro e alguns empresários, o pessoal da área de frente, que sempre visitou essa turma, que visitou os países, que os convenceu nos últimos anos a comprar produtos brasileiros, vamos ter que refazer todos esses caminhos, vamos ter quer buscar refazer esta nossa credibilidade que saiu arranhada deste processo", afirmou o ministro da Agricultura.

"O mercado é receoso, as pessoas olham com um olhar diferente, ficam com o pé atrás. Vencida a parte técnica e política, tem que fazer a outra, a comercial", disse Maggi.


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