Folha de S. Paulo


No mundo ideal, brasileiro deveria se aposentar aos 50 anos, diz Meirelles

Ao defender a necessidade de reforma da Previdência, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira (21) que, se fosse possível, todos os brasileiros deveriam se aposentar aos 50 anos. Essa conta, no entanto, ficaria muito alta, de acordo com a argumentação do ministro.

"Do meu ponto de vista, todos os brasileiros deveriam se aposentar aos 50 anos de idade, estaria ótimo. O problema é que alguém tem que pagar. Quem paga é a população brasileira", afirmou.

A declaração ocorreu depois de reunião do ministro e do secretário de Previdência, Marcelo Caetano, com a bancada do PSDB. Durante o encontro, Meirelles defendeu que a reforma da Previdência é uma "necessidade", e não uma questão de "opinião".

Reforma da Previdência
As mudanças propostas na aposentadoria

"O Brasil tem que enfrentar essa questão. O povo brasileiro que tem que decidir o que é melhor: se é uma Previdência que garanta que todos vão receber aposentadoria e que terá condições de pagar ou não", defendeu Meirelles.

Parlamentares do PSDB defendem flexibilização da reforma da Previdência – entre eles, as regras de transição e de cálculo, a aposentadoria rural e as mudanças propostas para o BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência com renda mensal per capita de até 25% do salário mínimo.

Meirelles afirmou que "se vai tirar algo, tem que botar algo equivalente no lugar", ao ser questionado sobre se o governo concordava com alterações no texto.

"No fundo, a mensagem é o seguinte: tudo bem, todos somos favoráveis ao maior número possível, ao maior valor possível de benefícios. A questão é: precisamos pagar isso. E quem paga é a população brasileira. Então temos que equilibrar os benefícios com o custo desses benefícios", disse.

Apesar de não ter detalhado os pontos de divergência, o líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), disse que Meirelles "deixou uma porta aberta de negociação".

"Ele abriu o canal. Isso é o mais importante numa democracia, onde o governo, através do seu ministro da Fazenda, vem ao Congresso Nacional, à bancada do PSDB, e deixa o canal aberto na possibilidade de estarmos discutindo os itens que foram colocados como divergentes", disse.

Publicamente, a equipe econômica vem defendendo a aprovação do texto no formato original. O ministro e o secretário de Previdência têm se reunido com bancadas de partidos da base na Câmara para esclarecer dúvidas dos deputados e defender o texto enviado pelo Executivo, que enfrenta resistência inclusive dos aliados.

Nesta segunda (20), o presidente Michel Temer pediu que os ministros atuem em defesa do texto junto às bancadas no Congresso Nacional. A proposta é considerada a principal medida do governo no Congresso em 2017.


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