O ministro da agricultura do Chile, Carlos Furche, anunciou nesta segunda (20), a suspensão temporária da importação de "todo tipo de carne brasileira" (bovina, frango e porco) devido ao escândalo revelado pela Operação Carne Fraca.
"Estivemos analisando o assunto durante todo o fim de semana e tomamos essa decisão até termos informações mais precisas das autoridades brasileiras", disse Furche.
Em entrevista à rádio Bio-Bio, o diretor nacional do Serviço Agrícola e Pecuário (SAG), Angel Sartori, disse que a medida só seria flexibilizada ou revertida depois que o Brasil "recuperasse a confiança" diante dos chilenos como exportador. "Tivemos uma quebra na confiança com relação ao Brasil e esse tipo de coisa custa para ser recuperada. As autoridades brasileiras têm de prestar contas do que está sendo feito para esclarecer a situação e garantir a qualidade do que for vendido futuramente", disse.
Segundo dados da Associação Chilena de Carne (ACHIC), 33,5% da carne bovina importada pelo país vem do Brasil. O país também compra o produto do Paraguai (41,2%), da Argentina (17%), dos EUA (5,1%) e do Uruguai (3,3%).
OUTROS PAÍSES
Funcionários do governo da Argentina disseram à Folha que o país, por ora, não considera anunciar medidas contra a carne brasileira.
A mídia local tem chamado a atenção para o fato de os frigoríficos brasileiros envolvidos no escândalo serem donos de marcas famosas na Argentina, como as de hambúrgueres e salsichas Paty, Goodmark e Swift, assim como de restaurantes de grande visitação turística, como o Cabaña Las Lilas, em Puerto Madero.
Os meios argentinos chamaram a atenção para o fato de a divulgação do escândalo acontecer justamente quando representações do Mercosul e da União Europeia estão, nesta semana, reunidos em Buenos Aires para tentar destravar o acordo entre os dois blocos.
Já no Uruguai, o ministro da agricultura local, Tabaré Aguerre, declarou que "No Brasil falharam os controles e há um problema de corrupção muito grande. No Uruguai temos normas e mecanismos locais muito seguros", afirmando que uma possível contaminação de produtos importados pelo país seria detectada e que não havia risco de haver carne comprometida no mercado uruguaio.
Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress | ||
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