Folha de S. Paulo


Bolsa tem recuperação parcial e sobe 1,05%; dólar cai quase 1%, para R$ 3,07

Bobby Fabisak/JC Imagem/Folhapress
Com exceção de JBS, ações do setor de carnes sofreram mais um dia de queda
Com exceção de JBS, ações do setor de carnes tiveram mais um dia de baixa

O Ibovespa encerrou o pregão desta segunda-feira (20) em alta de 1,05%, aos 64.884,27 pontos, recuperando-se parcialmente do tombo de 2,39% da sexta-feira (17).

A alta do Ibovespa foi sustentada principalmente pelo avanço das ações de Petrobras, Vale, Ambev e bancos, que têm forte peso no índice. O giro financeiro foi de R$ 12,2 bilhões, inflado sobre o exercício de opções sobre ações, que movimentou R$ 3,1 bilhões.

As ações da Petrobras ganharam 3,34% (PN) e 2,38% (ON). As ações da Vale subiram 1% (PNA) e 1,05% (ON). As ações da Ambev ganharam 2,49%. Com exceção de Banco do Brasil, os papéis de bancos também subiram.

Na sessão anterior, o principal índice da Bolsa foi contaminado pela repercussão negativa da Operação Carne Fraca, que investiga um esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos.

Depois da forte baixa na sexta-feira, os papéis dos frigoríficos BRF e JBS —investigados na operação da Polícia Federal— tiveram desempenhos distintos nesta sessão.

As ações da BRF terminaram em baixa de 2,15%, a R$ 36,30. Os papéis foram os mais negociados nesta sessão. Já os da JBS, depois de se alternar entre altas e baixas, fecharam com ganho de 0,74%, a R$ 10,80

As ações de outras empresas do setor, que não são alvo da Carne Fraca, tiveram perdas maiores neste pregão. Os papéis da Marfrig recuaram 4,28%, a R$ 5,36. Fora do Ibovespa, os papéis da Minerva caíram 7,43%, a R$ 9,34.

Segundo analistas, todo o setor sofre as consequências da operação da PF, uma vez que diversos países decidiram suspender temporariamente as importações de carne brasileira.

"O setor todo acaba sendo penalizado por causa do provável impacto nas exportações", diz Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor.

CÂMBIO E JUROS

O dólar comercial fechou em baixa de 0,96%, a R$ 3,0720. É a menor cotação desde 23 de fevereiro deste ano (R$ 3,0580).

O diretor da mesa de câmbio da corretora MultiMoney, Durval Correa, diz que a moeda americana segue em tendência de queda mundial desde que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) confirmou que elevará os juros gradualmente.

"Além disso, a rolagem de contratos de swap cambial que vencem em abril ajuda o real", diz Correa.

O Banco Central rolou nesta segunda-feira mais 10 mil contratos de swap cambial, no montante de US$ 500 milhões. A operação equivale à venda futura de dólares.

Jefferson Rugik, diretor de câmbio da Correparti Corretora, diz que, por enquanto, os possíveis impactos na Operação Carne Fraca na balança comercial brasileira ainda não afetam o câmbio. "Isso pode ocorrer no médio prazo, com uma eventual queda no volume de exportações reduzindo a entrada de dólares no país."

Apesar da forte desvalorização do dólar, os contratos de juros futuros negociados na BM&FBovespa ficaram próximos à estabilidade. Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.

O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, saltava 8%, aos 230 pontos.

Para Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, o CDS reflete preocupações de investidores com o quadro fiscal do país. Ele lembra que a equipe econômica divulgará nos próximos dias a programação orçamentária deste ano. "O governo vai divulgar suas projeções para a receita, e poderá haver aumento de impostos", afirma.


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