Folha de S. Paulo


Equipe da PF defende investigação e diz que ainda há provas sob sigilo

vídeo operação Carne Fraca

Membros da equipe ligada à Operação Carne Fraca contestaram as críticas à investigação feitas pelo setor e pelo governo federal.

Os investigadores afirmam que ainda há muito material sob sigilo e que a operação deve ter desdobramentos mais adiante.

No domingo (19), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticou a PF por "erros técnicos", e o governo federal procurou minimizar o alcance da investigação.

OPERAÇÃO CARNE FRACA
PF deflagra ação em grandes frigoríficos

Para os investigadores, o governo está se precipitando. A equipe também relativizou a informação de que apenas um frigorífico teve a carne periciada na investigação.

Segundo os investigadores, a realização de perícias em diversas empresas comprometeria o sigilo da operação —por isso, durante a fase de apuração, optou-se por apenas uma amostra.

A equipe sustenta, porém, que há provas do envolvimento de outros frigoríficos na produção e venda de carnes adulteradas e no pagamento de propinas a fiscais do Ministério da Agricultura.

Todas as empresas que foram alvo de busca e apreensão na sexta (17) tiveram material coletado, que será analisado e fará parte das provas da operação.

Além disso, os investigadores ressaltam que há suspeita de irregularidades até mesmo nos laboratórios que fazem análises para os frigoríficos e estão credenciados pelo Ministério da Agricultura.

Um deles, Laboran Análises Clínicas, com sede em Curitiba, foi alvo de busca e apreensão na sexta (17). Um ex-funcionário do frigorífico Peccin disse à PF que o laboratório pedia novas amostras quando o material não atendia aos requisitos exigidos.

A empresa, porém, nega irregularidades, diz que não realiza testes oficiais para produtos de origem animal e que enviou todos os seus relatórios à PF.

Bruno Santos/Folhapress
Preso (não identificado) da operação nomeada Carne Fraca é escoltado por agentes
Preso (não identificado) da operação nomeada Carne Fraca é escoltado por agentes

IMPACTO

Para evitar que o impacto econômico gere também um desgaste político, o presidente Michel Temer tem trabalhado para evitar a saída do diretor-geral da PF, Leandro Daiello, que desde o início do ano tem dado sinais de que pretende deixar o cargo.

A operação causou irritação no Planalto, para quem ela foi "exagerada", mas a avaliação é que a troca agora poderia criar uma nova dor de cabeça: a suspeita de que uma substituição poderia estar relacionada à Lava Jato.

Além do impacto na balança comercial, o governo receia que a crise da carne afete a expectativa do mercado financeiro de recuperação da economia.


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