Folha de S. Paulo


Temer volta a minimizar impacto da Operação Carne Fraca

O presidente Michel Temer voltou a minimizar as irregularidades na produção de carnes identificadas pela Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta (17) pela Polícia Federal.

"Temos cerca de 4.800 plantas de frigoríficos no Brasil, só três plantas foram interditadas, e além delas mais 18 ou 19 serão investigadas", afirmou durante discurso na manhã desta segunda (20) em evento da Câmara de Comércio Americana.

"Ademais disso, convenhamos que o Ministério da Agricultura tem 11.300 servidores, e são 30 e poucos servidores envolvidos e que serão investigados, portanto um número diminuto", disse Temer.

OPERAÇÃO CARNE FRACA
PF deflagra ação em grandes frigoríficos

As falas são parte do esforço do governo de contenção de danos sobre a indústria brasileira após operação da PF apontar esquema de corrupção entre empresas do setor —entre elas JBS e BRF— e fiscais do Ministério da Agricultura para burlar o cumprimento de regras sanitárias.

O presidente passou o domingo em encontros com representantes do setor e embaixadores estrangeiros e jantou em uma churrascaria.

Temer ignorou a gafe nesta segunda. Ao referir-se ao jantar, disse apenas que o jantar "foi muito apreciado por todos os representantes dos países que lá estavam".

O peemedebista, porém, não comentou a suspensão das empresas investigadas pela União Europeia e nem a suspensão temporária das importações por China, Chile e Coreia do Sul, anunciadas nesta segunda. Temer também não falou com a imprensa.

De acordo com o governo, ao longo de 2016, das 853 mil partidas de produtos de origem animal do Brasil para o exterior, apenas 184 foram consideradas fora de conformidade.

Diante de uma plateia de empresários, Temer terminou o discurso com um apelo por mais investimentos. "Quem apostar no Brasil vai ganhar", disse.

PREVIDÊNCIA

Após a fala de Temer, coube ao secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, a defesa da reforma da Previdência.

O secretário repetiu o discurso do governo de que a reforma não prejudica os mais pobres, e sim acaba com privilégios ao unificar as regras para todos os trabalhadores.

"Funcionários públicos e políticos perderão porque não faz sentido terem aposentadorias especiais. O que faz sentido numa democracia é que as regras sejam iguais para todos", disse.

Antecipando a disputa eleitoral de 2018, Mansueto afirmou que a maior preocupação dos investidores estrangeiros com quem conversa não é a recuperação da economia brasileira —algo que já estaria sendo tomado como dado— mas a possibilidade da política econômica atual e da agenda de reformas ser mantidas após a posse de um novo presidente.

A referência a um suposto temor do mercado com a próxima eleição presidencial acontece após o ex-presidente Lula ter se lançado candidato em discurso neste domingo.

"Eu nem sei se estarei vivo para ser candidato em 2018, mas sei que eles querem evitar que eu seja candidato. Eles que peçam a Deus para eu não ser candidato. Porque, se eu for, é pra ganhar a eleição nesse país", afirmou o petista em ato no sertão da Paraíba.


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